Ayrton Senna foi dominante nas pistas de Fórmula 1 por muito tempo com vitórias, poles, títulos e momentos históricos. No entanto, sua temporada com mais triunfos na carreira foi antes de atingir o auge no automobilismo: 1982. Nesta temporada, Senna corria na Fórmula Ford 2000 disputando simultaneamente dois campeonatos (europeu e britânico) e venceu 22 corridas.
Ayrton havia entrado para a Fórmula Ford em 1981, ano que foi campeão da categoria FF1600 com a Van Diemen, a melhor equipe do campeonato europeu da época. Senna obteve 12 vitórias nas 20 corridas que disputou em três competições diferentes. No ano seguinte, o brasileiro subiu de divisão com a mesma equipe e conseguiu seu recorde de vitórias em uma temporada.
A transição entre as duas categorias não seria fácil: seu novo carro (o de 1982) era mais potente com motor 2.0, cerca de 4 segundos mais rápido. Isso obrigava o piloto ter uma preparação maior para comandar o carro. Apesar disso, o monoposto tinha mais aderência por ter asa traseira, o que possibilitava os pilotos arriscarem mais nas curvas.
Ayrton chegou a pensar em desistir da carreira na Europa e voltou para o Brasil no final de 1981 para trabalhar nos negócios da família. Infeliz, Senna percebeu que a velocidade era mesmo o seu futuro, portanto suas vitórias em 1982 foram fundamentais para a sequência de sua carreira.
Nas primeiras seis corridas do ano, o brasileiro foi impecável: pole position, vitória de ponta a ponta e volta mais rápida em todas elas – o famoso “barba, cabelo e bigode” do automobilismo. Uma curiosidade da época é que Senna inclusive venceu duas provas em dias consecutivos e em pistas diferentes: Oulton Park e Silverstone, que ficam separadas por mais de 200 km.
O título do campeonato europeu foi sacramentado em 22 de agosto em Jyllandsring, na Dinamarca, por antecipação. Com apenas 22 anos de idade, Senna terminou o ano com números avassaladores: 22 vitórias, 18 poles, 22 voltas mais rápidas e 516 pontos conquistados em 28 provas disputadas.
A temporada espetacular de Ayrton fez com que equipes de Fórmula 1 já começassem a se interessar pelo jovem piloto. Mesmo assim, o brasileiro manteve os pés no chão e seguiu o caminho tradicional, fechando um contrato para correr na F-3 inglesa no ano seguinte – na qual seria campeão, abrindo definitivamente as portas da F-1.