“As Williams estão em outro planeta”. Essa foi a declaração de Ayrton Senna após sair de sua McLaren no GP do Brasil de 1992 com problemas no carro. Aquela era apenas a terceira corrida do ano e até então o time inglês havia feito dobradinha em todas as corridas, sempre com Nigel Mansell e Riccardo Patrese.
Senna sabia que teria muitas dificuldades de superar as Williams-Renault, mas o carro que era imbatível foi superado pelo tricampeão mundial em quatro GPs: nas vitórias de Mônaco, Hungria e da Itália, e uma improvável pole position no treino classificatório do Canadá, que neste 13 de junho está completando exatos 25 anos.
Mas, afinal, o que fazia daquele carro da Williams tão superior ao da McLaren, que vinha de quatro títulos mundiais consecutivos (três com Senna e um com Alain Prost)? A resposta não é tão simples, mas duas áreas do carro viraram referência na história da F-1: a aerodinâmica e a eletrônica do carro.
No início de 1992, a Williams apresentou o projeto do FW14B como uma espécie de modernização do carro de 1991, sendo que talvez nem ela mesma esperasse que o sucesso viria tão rapidamente, por mais que, no final de 1991, a Williams já era o melhor carro do grid (o que permitiu Mansell lutar pelo título mesmo com Senna vencendo as quatro primeiras corridas daquele ano).
Com os primeiros bons resultados em 1992, a Williams até desistiu de apresentar o modelo FW15, que ficou para a temporada de 1993. Após a chegada de Adrian Newey, considerado o projetista de maior sucesso da história da F-1 (e apelidado de “o mago das pranchetas”), o time britânico criou um novo modelo de suspensão ativa, onde o FW14B sempre “previa” a melhor altura possível para realizar as curvas nas ondulações do traçado.
Além disso, a Williams criou um novo câmbio semiautomático e elaborou um controle de tração mais eficiente, que cortava a atuação de um cilindro se o carro ameaçasse derrapar na pista. Com essas tecnologias criadas por Newey, Patrick Head e outros engenheiros, o time se tornou imbatível na maioria das pistas em 1992.
Ao longo daquela temporada, a Williams venceu dez vezes – 9 com Mansell e uma com Patrese – e terminou o ano com 15 pole positions das 16 possíveis. Até por isso, a pole conquistada por Senna no Canadá com apenas 0s097 de vantagem para Patrese, segundo no grid, se tornou bastante marcante na história da F-1.