Após triunfar nas três primeiras etapas do campeonato de 1991, Ayrton Senna buscaria sua quarta vitória na temporada e a quarta em Mônaco na carreira.
Vencer em Mônaco é um desafio que começa nos treinos, já que a pista não permite erros e possui poucos pontos de ultrapassagem. Ayrton Senna sabia que teria que conquistar a pole position para aumentar as suas chances.
Por isso, ficou satisfeitíssimo com o resultado no final da classificação: sairia na primeira posição em Monte Carlo, ao cravar 1min20s344 e conquistar sua 56a pole position na carreira.
A grande surpresa estaria logo ao seu lado no domingo, Stefano Modena, com a Tyrrell, em sua melhor posição de largada na carreira. A segunda fila foi composta da Williams de Riccardo Patrese e Nelson Piquet, com a Benetton. Berger (McLaren) e Prost (Ferrari) formaram a terceira fila.
Umas das dificuldades previstas pela equipe da McLaren é que a Ferrari já possuía o sistema de câmbio semi-automático, utilizado pela primeira vez em 1990, em que os pilotos não precisavam tirar a mão direita do volante para a troca de marchas. Senna, que era canhoto, costumava ter uma vantagem por sempre ter a mão mais firme presa ao volante. Em uma pista como Mônaco, onde a troca de marchas é constante, o movimento no próprio volante poderia facilitar a vida dos pilotos da escuderia italiana.
O domingo daquele 12 de maio era de Dia das Mães e Senna queria presentear a Dona Neyde com sua 30a vitória na carreira.
Ayrton tinha planos definidos para a prova, quando sentiu um tranco seco no carro durante o warm up. Teria que largar com o carro reserva. Foi uma corrida contra o tempo: os mecânicos trocaram motor, câmbio e suspensão sob o olhar fiscalizador do piloto.
“Tinha que esquecer aquele contratempo e me concentrar na corrida”
Senna largou bem, mas foi pressionado por Stefano Modena (Tyrrell) logo na saída. Piquet passou reto na curva Mirabeau por causa de problemas na suspensão traseira, o que fez o piloto da Benetton abandonar a prova. Berger rodou na primeira volta, entrou nos boxes para trocar a frente do carro, voltou para a corrida, mas bateu na região das piscinas na volta 13.
Na volta 9, um susto. Um bandeirinha atravessou a pista alguns metros a frente de Senna no final da reta dos boxes.
“Foi mesmo um susto tremendo, mas tentei me acalmar logo”
Senna abria distância para Modena, na medida em que o piloto da Tyrrell se preocupava mais com Patrese.
Na volta 43, o motor Honda da Tyrrell explodiu e derramou óleo na saída do túnel. Patrese não conseguiu manter o traçado ideal e acabou atingindo o muro. O segundo lugar parecia ter caído no colo de Alain Prost, mas Nigel Mansell iniciou uma pressão no piloto da Ferrari exatamente na sequência.
Mansell conseguiu a ultrapassagem na saída do túnel na volta 62, local onde a direção de prova aumentou a área da chicane, favorecendo as tentativas de ultrapassagem naquele ponto do circuito.
Senna vinha mantendo a liderança com tranquilidade, mas teria um grande desafio para vencer: dar uma volta em Prost.
“Prost saiu na minha frente dos boxes e eu vinha rápido pela reta. Confesso que, por uma fração de segundos, tive medo de ultrapassá-lo. Estávamos disputando a liderança do campeonato e, bem, nunca se sabe.”
Ayrton Senna caprichou na ultrapassagem sobre a Ferrari e emplacou a sua quarta vitória em Mônaco e na temporada. Nenhum piloto, até aquela oportunidade, havia conquistado quatro vitórias nas quatro primeiras corridas da temporada na Fórmula 1. Mansell foi o segundo, conquistando seu primeiro pódio em Mônaco na carreira. O pódio foi completado por Jean Alesi. Outro destaque brasileiro na prova foi Roberto Pupo Moreno, que conquistou seus primeiros pontos na temporada ao finalizar o GP de Mônaco em quarto lugar.
“Mas cheguei no bagaço”
A palma da mão direita ardia em carne viva, de tanto forçar a alavanca de marchas nas 3120 trocas que são feitas ao longo das 76 voltas da corrida. No ombro direito, havia vergões fundos do cinto que prendeu e fez vincos no macacão. Mas tudo isso foi esquecido depois da bandeirada final.
“Há pouca coisa que o estouro da champanhe da vitória não cure”
Com a vitória praticamente de ponta a ponta, Senna chegava a 40 pontos no campeonato. Prost tinha 11 e Berger 10. A pontuação do Mundial de Construtores também era ótimo para a McLaren que estava prestes a completar 25 anos de fundação. A equipe britânica tinha 50 pontos contra apenas 16 da Ferrari.
Gp de mônaco
1º
Ayrton Senna
2º
S. Modena
3º
R. Patrese
4º
N. Piquet
5º
N. Mansell
6º
G. Berger
7º
A. Prost
8º
R. Moreno
9º
J. Alesi
10º
A. de Cesaris
11º
S. Nakajima
12º
E. Pirro
13º
J. Lehto
14º
P. Martini
15º
M. Gugelmin
16º
T. Boutsen
17º
G. Morbidelli
18º
I. Capelli
19º
A. Suzuki
20º
G. Tarquini
21º
E. Bernard
22º
M. Blundell
23º
E. Comas
24º
B. Gachot
25º
M. Alboreto
26º
M. Hakkinen
78
voltas
26
carros
14
abandonos
1’24”368
volta mais rápida
tempo nublado
Pódio
1º
Ayrton Senna
2º
N. Mansell
3º
J. Alesi
1º
posição final
1º
posição no campeonato após a prova
1º
posição de largada
10
pontos somados no campeonato
1’25”250
melhor volta
Há pouca coisa que o estouro da champanhe da vitória não cure.