Gp da África do Sul 1984

Fórmula 1

Grande Prêmio da áfrica do sul

Logo em sua segunda corrida na Fórmula 1, no Grande Prêmio da África do Sul, Ayrton Senna mostrou ao mundo que não era um piloto comum. Chegou em 6º e marcou seu primeiro ponto na principal categoria do automobilismo mundial em uma das provas mais cansativas de sua carreira.
Vindo de categorias onde a maioria das corridas não ultrapassava os 30 minutos de duração e tendo completado apenas oito voltas na sua corrida de estreia na Fórmula 1, Senna cumpriria pela primeira vez uma distância equivalente a duas horas de prova. 
O problema para o brasileiro também era enfrentar o forte calor da África do Sul nesta época, que aumentaria ainda mais as dificuldades no dia da corrida.
Após os treinos de classificação, o 13º lugar no grid mostrou progresso em relação à estreia no Brasil, quando largou em 17º. 
Senna se impôs com veemência diante de seu companheiro na Toleman, o venezuelano Johnny Cecotto. Para se ter uma ideia, o brasileiro superou Cecotto por impressionantes 1s3 – Ayrton anotou 1m06s981, enquanto Johnny fez 1m08s298 e ficou em 19º.

Apesar do bom desempenho, Ayrton Senna queria mais.
Por isso, preferiu acompanhar de perto os trabalhos dos mecânicos da Toleman em vez de participar de um safári fotográfico com os outros pilotos. Ele se inteirou de todos os ajustes feitos no carro e testou todas as regulagens de suspensão e aerofólios possíveis.
No sábado pela manhã, dia da corrida da África do Sul, um acidente chocou o ambiente da Fórmula 1. 
Piercarlo Ghinzani, da equipe Osella, sofreu um forte acidente no warm up. O piloto felizmente não sofreu ferimentos graves, mas a cena do carro inteiramente queimado e partido ao meio com ferros retorcidos foi marcante.
Senna partiu enfim para o grid de largada com dois cuidados: teria que economizar pneus e motor para levar seu Toleman até o final da prova.

A CORRIDA

Na largada, o brasileiro teve seu spoiler dianteiro danificado e perdeu duas posições – para Andrea de Cesaris (Ligier) e René Arnoux (Ferrari) – caindo para a 15ª posição. Na volta 6, foi superado por Alain Prost (McLaren), que largou dos boxes e vinha fazendo uma prova de recuperação. Na ocasião, ocupava a 16ª colocação.
No pelotão da frente, Piquet larga mal, perde a ponta para Keke Rosberg, mas consegue recuperar a liderança antes do final da primeira volta.
Naquele momento inicial, o ritmo de Ayrton era ruim, a ponto de ser pressionado por Cecotto. Domar um carro desequilibrado e com pouca potência estava sendo uma verdadeira batalha e a tática era manter seu Toleman vivo em Kyalami. 
Levando assim, o GP começou a ficar interessante para Senna. Na volta 18, Teo Fabi (Brabham) abandonou a corrida, e o brasileiro foi para 15º. Com o problema de Manfred Winkelhock (ATS) na 28ª volta e o abandono de Piquet na 30ª, Ayrton subiu para o 13º lugar.

A partir daí, os pilotos à frente de Senna começaram a fazer seus pit stops, fazendo com que o brasileiro da Toleman figurasse no top 10. A tática era uma só: não parar nos boxes. 
Os abandonos de Keke Rosberg (Williams) e Nigel Mansell (Lotus) colaboraram para Ayrton figurar pela primeira vez no top 6, na volta 52. A sexta colocação, porém, ficou com Senna por somente duas voltas, já que na volta 54, Patrick Tambay (Renault) tomou o lugar do brasileiro.
A ultrapassagem de Tambay revelou: Ayrton não tinha mais condições de se manter na pista com os desgastados pneus Pirelli. Com isso, a Toleman chamou o brasileiro para os boxes na volta 57 das 75 que estavam em disputa. 
No retorno à pista, Senna ocupava a 10ª posição. Na volta 61, os abandonos de Jacques Laffite (Williams) e Stefan Bellof (Tyrrell) levaram Ayrton ao oitavo lugar. Na volta 67, foi a vez de Tambay deixar a corrida e o piloto da Toleman pegar a sétima posição, ainda distante de De Cesaris, o sexto colocado. 
Enquanto isso, na liderança, nada mudava: Niki Lauda (McLaren) venceu a prova de Kyalami, seguido por Alain Prost (McLaren) e Derek Warwick (Renault) – o inglês, aliás, levaria seu primeiro pódio na carreira.

O PRIMEIRO PONTO DE AYRTON SENNA NA FÓRMULA 1

Sentindo um forte desgaste físico, Senna fazia todo esforço para se manter na pista, mesmo sabendo que o sétimo lugar não lhe renderia nenhum ponto. Mas, como se diz no automobilismo, a corrida só termina na bandeirada e seu primeiro ponto na Fórmula 1 poderia vir ainda na África do Sul. 
A perseverança do brasileiro foi premiada na volta 71, a quatro voltas do fim, quando Michele Alboreto (Ferrari) abandonou a etapa, e enfim, o sexto lugar estava consolidado para Senna.
A dedicação à corrida rendeu um resultado surpreendente. Pontuar logo na segunda prova de sua carreira na Fórmula 1 já demonstrava que ele era especial.  
Quando recebeu os parabéns de Alex Hawkridge, seu chefe na Toleman, Ayrton Senna avisou: “Eu já estou pronto para o pódio. Arranje carro para isso”.

O RELATO DE SENNA APÓS A DESAFIADORA PROVA EM KYALAMI

Devido ao grande desgaste físico na prova, Senna foi levado ao centro médico do autódromo para alguns exames. Lá, foi entrevistado por Reginaldo Leme em reportagem exibida na TV Globo logo após a corrida.
“Quando terminou a corrida, Ayrton desmaiou de cansaço e dores no ombro. Ele veio direto aqui para o hospital do autódromo. Na sala de recuperação, Ayrton recebeu uma proteção no pescoço e sentia ainda muita dor no ombro, por ter pilotado por 2 horas um carro com o volante muito duro. Mas ele quase esqueceu de tudo, quando soube que tinha feito seu primeiro ponto na Fórmula 1”, relatou Reginaldo Leme.

“Tinham me falado que era sétimo e tinha ficado decepcionado depois desse esforço todo. Antes da metade da corrida o carro já estava impossível (de guiar). Tinha um peso no volante e na volta de aquecimento com o tanque (cheio) até a tampa, eu parei e falei pro meu engenheiro que estava impossível de guiar de tão pesado que estava o volante. Aí não teve muito que fazer e fui assim mesmo, mas eu não conseguia guiar o carro, era impossível. Um peso que nunca havia sentido na minha vida. E foi a corrida inteira assim. O motor falhava ainda e aí eu diminuí a potência dele para não quebrar. O Cecotto (companheiro de equipe) vinha junto também, até que ele quebrou, deve ter forçado demais. Eu vinha numa boa até pra não ter que parar, mas não dava. Começou a vibrar e vibrar e o carro vibrava, estava impossível. Eu queria que a corrida terminasse antes da metade porque eu não aguentava mais”, relatou Ayrton, que estava feliz com o primeiro dos seus 614 pontos na Fórmula 1.

Fórmula 1

Gp da África do Sul

Grid de largada

A Corrida

Senna na corrida

Grid de largada

N. Piquet

K. Rosberg

N. Mansell

P. Tambay

A. Prost

T. Fabi

E. De Angelis

N. Lauda

D. Warwick

10º

M. Alboreto

11º

J. Laffite

12º

M. Winkelhock

13º

Ayrton Senna

14º

A. De Cesaris

15º

R. Arnoux

16º

E. Cheever

17º

F. Hesnault

18º

R. Patrese

19º

J. Cecotto

20º

M. Baldi

21º

J. Palmer

22º

P. Alliot

23º

M. Surer

24º

S. Bellof

25º

M. Brundle

26º

T. Boutsen

27º

A Corrida

75

voltas

26

carros

13

abandonos

1’08”877

volta mais rápida

tempo Nublado

Pódio

N. Lauda

A. Prost

D. Warwick

Senna na Corrida

Posição de final

-

posição no campeonato após a prova

posição de largada

-

pontos somados no campeonato

melhor volta

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