Em dezembro de 1982, Ayrton Senna já era um dos nomes mais conhecidos do automobilismo brasileiro. O piloto havia conquistado o título inglês e o europeu de Fórmula Ford 2000 naquela temporada e já se candidatava com um dos principais destaques para a F-3 Inglesa em 1983.

Mesmo cumprindo esses últimos passos antes de chegar na F-1, Senna mantinha sua grande paixão pelo kartismo e foi convidado para participar de uma prova especial de encerramento da temporada de Superkarts, uma categoria que havia acabado de ser criada no Brasil.

Logo nos treinos, Senna mostrou que daria trabalho aos adversários. Mesmo sem nunca ter pilotado aquele tipo de kart com dois motores de 125cc e todo carenado,  Ayrton fez a pole position com 46s43 e bateu o recorde do Kartódromo de Interlagos, que atualmente leva seu nome. Todos os outros 41 pilotos inscritos ficaram um segundo ou mais atrás de Senna.

Na primeira bateria, Ayrton se envolveu em um acidente na largada junto com outros 20 karts e precisou fazer uma prova de recuperação. Caiu para 11º, mas conseguiu terminar em terceiro.

Na segunda corrida classificatória, Senna assumiu a ponta na primeira volta e manteve o primeiro lugar até o final. Na bateria final, essa com apenas 30 karts, Senna largou em quarto e também conseguiu a liderança logo no início. A partir daí, ele deu um show em Interlagos e venceu com 15 segundos de vantagem para o segundo colocado, Carol Figueiredo, um dos grandes kartistas da época.

Depois de comemorar a vitória, Senna deu entrevista para a imprensa e lembrou da importância do kartismo. “O kart é antes de tudo uma escola. E às vezes é bom voltar às aulas”, brincou Senna, que no mês anterior havia conquistado o Panamericano de Kart no Kartódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul.

Ao receber o troféu de campeão no pódio, Senna fez questão de entregar o prêmio para Carol. “Participei da festa como convidado e não tinha sentido ficar com o troféu. Para mim, o maior prêmio foi ter participado da prova, com tantos pilotos excelentes presentes”, concluiu Senna, em entrevista para o Jornal O Globo.