O dia em que Senna se apresentou para Mônaco

Data:
13 de dezembro de 2021

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Tempo de leitura:

3 minutos

O dia em que Senna se apresentou para Mônaco

No início da temporada, Senna havia conquistado dois resultados positivos em cinco corridas. O brasileiro terminou em sexto lugar nos GPs da África do Sul e da Bélgica, um feito considerável para uma equipe modesta como a Toleman, que inclusive começou a temporada usando o carro do ano anterior, já que não tinha recursos para estrear o novo nas primeiras provas.

Para Mônaco, o objetivo era tentar algo parecido, principalmente pelo 13º lugar no grid de largada. Era a primeira vez que Senna pilotava nas apertadas ruas do Principado, que normalmente são bem difíceis para um estreante no comando de um carro tão veloz como um F-1.

Aquele 3 de junho de 1984, que ficaria marcado para sempre na história da F-1, também foi marcado por uma forte chuva que caiu na região de Mônaco. Após um relativo atraso para o início da corrida, os pilotos largaram e Senna completou sua primeira volta já na nona posição – começava assim também não apenas a história do Rei de Mônaco mas também de Mestre na Chuva…

O piloto da Toleman aproveitou o seu bom ritmo, aliado com as dificuldades e erros dos adversários no difícil traçado molhado de Monte Carlo, para se aproximar com muita rapidez do pelotão da frente. Na volta 10, Senna já era o sétimo colocado. Após Michele Alboreto ter problemas com a Ferrari, o brasileiro entrou para a zona de pontuação (apenas os seis primeiros marcavam pontos naquela época) e logo na sequência fez uma ultrapassagem com classe sobre Keke Rosberg para assumir a quinta posição.

Na 14ª volta, Senna ultrapassou Rene Arnoux e as câmeras da transmissão oficial da TV já começavam a deixar em destaque apenas o brasileiro – um estreante na F-1 naquela temporada e também fazendo seu primeiro GP de Mônaco. Duas voltas depois, Nigel Mansell perdeu o controle de sua Lotus e também a liderança da prova ao encontrar o guard-rail – andar no limite em Monte Carlo já era bem difícil, debaixo de forte chuva, então…

Em terceiro, Senna agora só tinha a sua frente os pilotos da equipe dominante daquele ano, a McLaren, com Niki Lauda e Alain Prost. A manobra sobre o austríaco foi uma das mais bonitas da prova e de toda história deste tradicional GP.
No início da volta 19, antes da curva Saint Devote, Ayrton fez uma brilhante ultrapassagem por fora – e com pista molhada! Ninguém acreditava que uma Toleman poderia vencer tão facilmente a McLaren, carro que havia vencido quatro das cinco provas realizadas em 1984.

O domínio de Senna na chuva assombrava todos os presentes em Mônaco e rapidamente a diferença de 35 segundo para Prost foi caindo vertiginosamente. Na volta 31, quando Senna estava apenas 7 segundos do francês, Jacky Ickx, diretor de prova, encerrou a corrida alegando falta de condições para os pilotos continuarem a disputa.

Segundo o jornalista Reginaldo Leme, somente anos depois é que Ickx revelaria que havia sido pressionado pelo dirigente da FISA, Jean-Marie Balestre, para declarar Alain Prost como vencedor da corrida antes que ele fosse ultrapassado por Ayrton.

Mesmo com a sensação de que poderia ter vencido, Senna comemorou seu primeiro pódio conquistado na F-1 com o segundo lugar e o seu primeiro show em Mônaco. E, ironicamente, neste dia também começou sua rivalidade com Prost: se na pista não pode vencê-lo pela precipitada interrupção da prova, aqueles pontos fizeram falta para o francês: ele foi vice em 1984 apenas meio ponto atrás de Niki Lauda (e seria campeão caso a corrida fosse até o fim, mesmo chegando em segundo atrás de Senna).

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