O segundo pódio de Senna na Fórmula 1

Data:
22 de julho de 2020

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Tempo de leitura:

3 minutos

A memorável prova em Mônaco só aumentou a vontade de voltar ao pódio na Europa. E Ayrton Senna voltaria às festividades de fim de prova no Grande Prêmio da Inglaterra.

Antes mesmo da largada, a prova britânica estava com os bastidores fervendo fora das pistas. Martin Brundle foi desclassificado porque os organizadores detectaram que o carro do inglês estava abaixo do peso mínimo em Detroit, duas etapas atrás. A FISA também puniu a Tyrrell, que havia colocado pedaços de chumbo dentro do reservatório de água dos carros. A equipe foi banida e perdeu seus 13 pontos conquistados na temporada. O dono da equipe ainda decidiu apelar e conquistou o direito de correr em Brands Hatch enquanto o caso não fosse julgado pelo tribunal – ao final de 1984, porém, o time teria seus resultados excluídos de todos GPs por conta das irregularidades no carro.

Antes dos treinos, os engenheiros da Toleman se reuniram com os seus dois pilotos para discutirem os planos de corrida. Trata-se de um procedimento normal, mas Rory Byrne, o projetista da casa, não sabia o que fazer para satisfazer Ayrton Senna e o venezuelano Johnny Cecotto naquela sexta-feira. Ambos tinham planos muito diferentes sobre o acerto do carro.

Ayrton Senna trabalhou muito para colocar o carro no ponto em que considerava próximo do ideal. Chegou a ser o mais rápido na primeira sessão de treinos livres.A posição de largada era muito boa em relação a outros resultados obtidos na temporada – sairia em sétimo.

Seu companheiro não teve a mesma sorte e não se classificou para a corrida após se envolver em um acidente na sexta-feira. Em uma velocidade superior à 240 km/h, Cecotto destruiu a parte dianteira de sua Toleman e ainda sofreu fraturas graves nas pernas após ir de encontro ao muro. Era o fim da carreira do venezuelano na Fórmula 1, que tinha uma carreira promissora no automobilismo segundo o próprio Senna, que o considerava como um grande adversário a ser batido.

O grid para a corrida de domingo foi composto por Nelson Piquet e Alain Prost na primeira fila. A segunda tinha Niki Lauda e Elio de Angelis. A terceira fila foi composta por Keke Rosberg e Derek Warwick – e, logo atrás destes seis pilotos, vinha Senna e sua Toleman.

Na largada, o brasileiro caiu para oitavo ao ser ultrapassado por Michele Alboreto, da Ferrari. Senna se recuperou rapidamente e já estava em sexto quando a corrida foi interrompida na 11ª volta, por causa de um acidente envolvendo Jonathan Palmer. A batida foi forte e o carro ficou em uma posição perigosa para o prosseguimento da corrida, que foi paralisada completamente.

Na relargada, Piquet, líder até então, foi superado por Alain Prost. Lauda permaneceu em terceiro. Ayrton sofreu no início da segunda parte da corrida, novamente disputando posição com Alboreto. Retomou ao sétimo lugar e partiu para cima de Elio de Angelis, sexto naquele momento.

Na parte da frente do pelotão, Lauda aproveitou os problemas de Piquet com retardatários e assumiu o segundo lugar. Mais tarde, o austríaco ainda levaria a melhor contra o então líder, seu companheiro de equipe na McLaren, Alain Prost, que teve problemas no motor e teve que abandonar na volta 37.

Em um ritmo forte após dez voltas seguintes à relargada, Senna deixou Patrick Tambay para trás e, com o abandono de Prost, assumiu o quinto lugar. Na volta 65 das 71 previstas, Senna colou na traseira de Elio de Angelis e, mesmo com a Lotus tendo um carro superior, conseguiu uma bela ultrapassagem. Ainda assim, Senna precisaria colocar mais cinco segundos de vantagem para De Angelis, já que na primeira parte da corrida, antes do acidente de Palmer, o piloto da Lotus tinha essa vantagem de cinco segundos de para Senna e no resultado final os tempos seriam somados.

Com problemas de rendimento, Piquet ficou lento na pista. Ayrton aproveitou e entrou na zona de pódio, já que na volta 67 conseguiu abrir a vantagem que precisava sobre De Angelis. Sem a sombra da Brabham, a corrida ficou tranquila para Lauda, que cruzou em primeiro. O pódio ainda teve Derek Warwick, da Renault, em segundo, e Senna novamente se destacando ao levar sua equipe Toleman ao pódio, em terceiro.

“No pódio, o público de Brands Hatch, acostumado com as vitórias de Ayrton em outras categorias, dedicou a ele mais aplausos que ao próprio Niki Lauda. E também quem fez a maior festa foi Ayrton, jogando champagne em todo mundo”, descreveu Reginaldo Leme, jornalista da TV Globo, na transmissão do GP da Inglaterra.

Ele entrevistou o piloto brasileiro após a corrida, perguntando como se sentia subindo ao pódio pela primeira vez em uma pista normal (autódromo)?. “É uma alegria grande. Estou muito contente. A minha equipe me deu um carro muito competitivo, que me deu condições de subir no pódio aqui em Brands Hatch, onde tantas vezes eu tive no pódio em categorias inferiores”, respondeu Senna.

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