Além do limite de aderência

“Um antigo mecânico, no tempo em que eu corria de kart, me explicou o que era o que se chama de limite, o meu como piloto, o do carro em termos de regulagem e o da pista quanto à aderência: ‘quando você sentir que o asfalto está fugindo de você, quando pensar que não vai conseguir fazer a curva e no fim ainda estiver dentro da pista, aí terá atingido o limite, estará andando na maior velocidade possível’. Esta é talvez a melhor definição de limite que encontrei na minha carreira de piloto.”
Enquanto há uma série de técnicas que podem ser aprendidas durante a carreira de um piloto, as habilidades acrobáticas com um carro são um dom que se possui ou não se possui. Um piloto que aprendeu tudo o que podia será um profissional, enquanto que outro com talento natural que aprenda tudo será realmente fora de série. E o que diferencia estes dois é que o fora de série consegue andar na linha do limite, enquanto outros erram e ultrapassam o limite ao tentar alcançá-lo, provocando assim acidentes.
Das formas que um acidente pode terminar, sair da pista é mais grave do que apenas rodar. Um erro comum que pode levar um piloto para fora da pista é colocar as rodas sobre um trecho de asfalto sujo, que pode acontecer numa ultrapassagem em uma pista molhada ou numa curva em que um dos pilotos passa por uma parte pouco utilizada pelos carros. O acidente é pouco previsível e representa um perigo às pernas e à cabeça do piloto. No caso de uma colisão iminente, este é o único caso em que se aconselha tirar as mãos do volante, preservando assim os pulsos.
A rodada é mais previsível porque o carro indica, em maior ou menor grau, como o carro sai das curvas, conforme a regulagem. Um piloto pode rodar no momento da frenagem por colocar força demais no pedal de freio ou pelo desequilíbrio nas suspensões causado pela chuva. Pode acontecer no meio da curva, por excesso de velocidade, ou mesmo na saída – erro muito comum entre os principiantes – por excesso de aceleração. Com a chuva, esta rodada se torna ainda mais comum, além do caso em que um piloto usa demais a zebra na saída de uma curva nesta condição de pista.

Quando a rodada ocorre levando à saída da curva pelo lado externo, a solução é contra-esterçar no início da derrapagem e, depois, manter firme o volante a frear com força, para tentar diminuir ao máximo a velocidade do carro. Freando, serão maiores as possibilidades de manter o carro na pista, pois desta forma se aumenta o raio da rodada.

Se um carro sai pela tangente, tende a se manter sobre a linha do percurso que mantinha antes da perda de controle. Assim quando um monoposto perde aderência depois do ponto de tangência, sairá da pista pelo lado inteno da curva.

No caso de uma avaria mecânica na frenagem ou também na fase inicial da curva, é preciso tentar diminuir ao máximo a velocidade para poder encontrar logo espaço para escapar. É preciso virar o volante com muita antecedência e deixar o carro andar em linha reta para o lado de fora da pista sem contrariar essa tendência, tirar o pé do freio e virar o volante para reposicionar o carro em linha reta somente no último momento.



Em qualquer um desses casos é possível reagir com uma contra-esterçada que resultará em um leve desequilíbrio do carro, uma “rabeada”. Mas somente se o piloto for sensível às reações do carro durante a prova. O piloto regular acabará fora da pista.