O pneu é peça fundamental no desempenho do carro. Todos os ajustes feitos na suspensão têm como objetivo o seu perfeito funcionamento e desempenho e nenhuma decisão sobre a máquina é tomada sem um consenso entre piloto, diretor técnico, diretor esportivo e o responsável nomeado pelo fabricante dos pneumáticos.

Para trabalhar perfeitamente, os pneus devem estar com a pressão correta, sendo que uma variação ínfima de 0,1 bar a mais ou a menos pode diminuir o seu rendimento. No entanto, nos casos de chuva, a pressão é elevada para que a água flua com mais facilidade pelo desenho especial.

O cuidado com a pressão não serve apenas para que a estrutura mantenha-se rígida, como também para manter a temperatura ideal do composto, que deve ser atingida – jamais ultrapassada – para manter a aderência. O controle é feito a cada parada, com a medida de temperatura no centro e nos dois lados da banda de rodagem, a cerca de 2 milímetros da superfície.

As medidas de temperatura em diferentes pontos e dois jogos diferentes, quando confrontadas, fornecem dados do comportamento dos pneus e demandam dos técnicos os ajustes corretos no carro.

O acerto do jogo de pneus e da suspensão varia de acordo com o momento do Grande Prêmio. Enquanto a suspensão é ajustada para que os pneus atinjam a temperatura ideal na primeira volta durante os treinos classificatórios, gerando um desgaste mais rápido, o composto mais duro utilizado nas corridas pode até percorrer os 300 quilômetros de prova.

Para os treinos classificatórios, o pneu deve ser aquecido pelo piloto na pista afim de atingir  temperatura e balanço ideais – por isso se diz que um piloto que acabou de trocar seu jogo ainda está com os pneus “frios”. Se este aquecimento na primeira volta não acontecer, a volta rápida dos treinos classificatórios será comprometida pela perda de aderência.

Já na corrida, uma vez atingida a temperatura ideal, os pneus começam a se desgastar mais rapidamente de forma irregular – o que pode acontecer mais rápido se os ajustes de suspensão estiverem incorretos. O piloto deve dosar então o ritmo se a prova permitir ou, em caso de parada para a troca de pneus, aproveitar ao máximo o que o pneu ainda pode oferecer.

O uso excessivo dos pneus acima da temperatura ideal gera bolhas, visíveis ao piloto durante a prova em forma de manchas irregulares. A essa altura, a troca do jogo é necessária, uma vez que o pneu fica imprestável quando as bolhas começam a estourar.

Outro fenômeno que ocorre regularmente é a granulação do composto. Isso geralmente acontece quando a pista está suja e/ou os compostos são duros demais para as condições de pista. Nesse caso, as camadas de borracha dos pneus começam a perder suas estruturas e a se misturar, o que causa a perda de aderência e um aspecto “arrepiado” na superfície.

“É claro que se um pneumático chegar a esta situação, significa que todo o trabalho dos técnicos nos dias anteriores foi inútil. Pode também indicar que o piloto não soube aproveitar corretamente o seu jogo de pneus, talvez por se envolver de forma intensa demais num duelo nas primeiras voltas, quando o carro estava cheio de combustível e mais pesado. Um bom piloto jamais comete esse grave erro de tática numa corrida.”