Vitórias em pistas de rua
Alem de ter ser consagrado como “Rei da Chuva”, Ayrton Senna também ficou conhecido por sua superioridade em corridas com traçados de rua. No total, 16 das suas 65 poles positions (24,6%) e 13 das 41 vitórias de Ayrton foram conquistadas em pistas urbanas, representando um total de 31,7%, quase um terço de seus triunfos.
Na lista estão circuitos como Mônaco, onde Senna detém até hoje o recorde de seis vitórias, e também outras que já não estão no calendário atual da categoria, como Detroit, Phoenix e Adelaide. Relembre todas essas vitórias:
Detroit 1986
Uma história curiosa marcou este GP. Enquanto Senna dava alegria aos fãs nas pistas, nos gramados da Copa do Mundo de Futebol, que era disputada no México, o Brasil amargou a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo para a França, país de boa parte dos mecânicos e engenheiros da Renault, fornecedora de motor da sua equipe. Na corrida, Senna resgatou o orgulho brasileiro ao comemorar a vitória com um gesto que seria eternizado em suas vitórias. O piloto parou na volta de desaceleração, pegou uma pequena bandeira brasileira e a ergueu de forma orgulhosa, dando uma volta completa com ela em punho. Daquele dia em diante, fez questão de mostrar seu orgulho em defender as cores de seu País no principal campeonato de automobilismo do mundo – e a cada vitória, o narrador da TV Globo, Galvão Bueno, anunciava o vencedor como Ayrton Senna “do Brasil”.
Mônaco 1987
Correndo pela equipe Lotus, que em 1987 apresentava o layout amarelo ao invés do tradicional preto e dourado, Senna conquistou sua primeira vitória no Principado de Mônaco, iniciando uma sequência que entraria para a história da F-1 com seis vitórias nas ruas de Monte Carlo, o maior número já atingido por um piloto em recorde que perdura até hoje. Essa foi a quinta vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1, a primeira de um brasileiro em Mônaco e a primeira de um carro com suspensão ativa na categoria.
Detroit 1987
Vindo de uma grande vitória em Mônaco e com uma conquista em Detroit no ano anterior na bagagem, Senna fez mais uma vez a festa nas ruas da “Motor City”, completando desta maneira a segunda vitória em circuito de rua na temporada de 1987. O brasileiro largou em segundo e seguiu Nigel Mansell (Williams) por 33 voltas. Quando o inglês parou para a troca de pneus, Senna assumiu a liderança para não mais perdê-la. Em uma aposta arriscada, cuidou de seus pneus e não fez pit stop, diferente da maioria dos adversários.
Detroit 1988
No sábado, o brasileiro havia cravado a sexta pole position em seis corridas no ano, um desempenho fantástico e que incomodava seu companheiro de McLaren, um então bicampeão mundial (1985-1986) e naturalmente apontado como favorito no começo do ano (Alain Prost) contra um jovem piloto que ainda não havia vencido seu primeiro título. Sem dar brecha para a concorrência, Senna venceu de ponta a ponta, 38 segundos à frente de Prost e inclusive dando uma volta em cima de Thierry Boutsen, terceiro colocado com a Benetton.
Mônaco 1989
Depois do erro no ano anterior no Principado, Senna mostrou desde o sábado que a vitória não escaparia desta vez e conquistou a pole, algo sempre muito importante nas ruas de Mônaco. E a margem da pole foi de impressionantes 1s1 sobre seu companheiro de equipe, que além de ter o mesmo carro, era um bicampeão do mundo. Na corrida, Senna superava os retardatários com muito mais facilidade que Prost. Ao final da prova, o brasileiro conquistou a vitória com 52s5 de vantagem para o francês.
Phoenix 1990
No sábado, uma chuva acabou cancelando o classificatório e somente valeram os tempos da sexta-feira, quando Ayrton tinha feito apenas o quinto tempo. No domingo, Senna conseguiu pular para a segunda posição ainda nas voltas iniciais, mas Jean Alesi venderia muito caro a liderança da corrida. Os dois pilotos trocaram de posição algumas vezes em manobras ousadas e de pura perícia em busca da ponta da corrida, mas, no fim, Senna levou a vantagem e conquistou a vitória. Alesi e Boutsen completaram o pódio.
Mônaco 1990
No GP de Mônaco de 1990, Senna largou na pole, liderou todas as voltas, fez a melhor volta da corrida e venceu, conquistando o chamado “Grand Chelem”, como os ingleses definem, ou o popular “barba, cabelo e bigode”, como se diz no esporte brasileiro. O fato é tão raro na Fórmula 1, que Senna somente conseguiu esse feito outras três vezes (Portugal 1985, Espanha 1989 e Itália 1990). A vitória em Mônaco foi fundamental para seguir trilhando o caminho rumo ao bicampeonato.
Phoenix 1991
Ao contrário da vitória no ano anterior, desta vez Senna não precisou largar de quinto no grid para vencer em Phoenix. Em 1991, fez a pole com um segundo de vantagem para Prost (Ferrari), e liderou a prova durante as 81 voltas até receber a bandeira quadriculada. A vitória em Phoenix foi o início de uma temporada arrasadora do brasileiro. Venceu os quatro primeiros GPs do ano, abrindo uma boa vantagem que seria administrada no final do ano contra as Williams de Mansell e Patrese.
Mônaco 1991
Largando na pole, o brasileiro liderou todas as voltas e terminou 18 segundos à frente de Nigel Mansell, da Williams, que na época já tinha um carro considerado um dos mais eficientes do grid, com uma parte eletrônica muito desenvolvida (e que viria a ser imbatível na temporada seguinte, de 1992). Uma curiosidade marcou esta vitória: na volta de desaceleração, o motor Honda de Senna teve problemas na pressão do óleo. Só que, por um problema de sinalização de placas, Ayrton não sabia que a prova havia acabado, o que o deixou bastante apreensivo. A placa da Ferrari também mostrava uma volta a mais. Ayrton acelerou forte, mas sem precisar. A vitória já estava garantida.
Adelaide 1991
O Grande Prêmio da Austrália de 1991 é lembrado como a corrida mais curta da história da Fórmula 1, com apenas 24 minutos de disputa – contra os usuais 110 ou até 120 minutos de uma prova em circuito de rua. No domingo, a chuva era tanta que os pilotos precisavam realizar acrobacias para se manter na pista e a corrida foi interrompida por falta de segurança. A prova valeu apenas metade dos pontos, mas Ayrton já havia garantido o tricampeonato na corrida anterior (GP do Japão).
Mônaco 1992
A vitória estava nas mãos de Mansell, até que, a oito voltas do fim, uma das rodas do inglês perdeu a porca, obrigando o piloto da Williams a retornar ao box para uma parada não programada. Senna se aproveitou da situação e tomou a ponta. Com pneus novos, Mansell saiu em segundo, voando para cima de Senna. Com um carro nitidamente mais veloz, o que se viu nas voltas finais foi um incansável balé de defesa de Ayrton, que fez tudo que podia para evitar a ultrapassagem em Mônaco. Essa foi uma das mais difíceis vitórias de Ayrton no Principado.
Mônaco 1993
Largando em 3º e novamente enfrentando uma Williams superior, dessa vez com Alain Prost, Senna aproveitou a punição pela queima de largada do francês e o abandono de Michael Schumacher para assumir a ponta. Com tranquilidade, Senna soube administrar o ritmo para conquistar sua sexta vitória no Principado, a quinta consecutiva, um novo recorde no circuito mais tradicional da F-1.
Adelaide 1993
A última vitória de Senna na Fórmula 1 foi em um circuito de rua e justamente em sua despedida do time pelo qual mais venceu: a McLaren. Com o rádio apresentando problemas no treino classificatório, ele não escutava Ron Denis, seu chefe de equipe, dizer que estava ficando sem combustível. Sem aliviar, cravou a volta mais rápida do treino praticamente “sem gasolina” no carro, pelos cálculos da McLaren. Na corrida, só deixou a ponta quando parou para trocar pneus na 23ª volta, retomando-a na 29ª, e cruzou a linha de chegada, conquistando a sua 41ª vitória nos 158 Grandes Prêmios disputados até ali.