Após a estreia pela Lotus no Grande Prêmio do Brasil, em Jacarepaguá, “boas” condições climáticas esperavam por Ayrton Senna em Portugal. Boas, claro, para um piloto bom em pista molhada como o brasileiro. Foi em Estoril onde o piloto brasileiro conquistou a sua primeira vitória na Fórmula 1 – e um triunfo que não poderia ser mais completo.
Ainda nos treinos classificatórios, Senna começou o roteiro que virou quase um script definitivo para suas conquistas na F-1: estabeleceu uma pole position espetacular, meio segundo à frente de Alain Prost que era certamente um dos favoritos ao primeiro lugar com sua equilibrada McLaren, que no ano anterior, em 1984, havia sido campeã de construtores e fez a dobradinha entre os pilotos, com Niki Lauda campeão e o francês vice.
Com sua Lotus 97T, Senna cravou a marca de 1min21s007. Era a sua primeira pole na categoria, evento que iria se repetir outras 64 vezes, marca que ajudou o brasileiro a construir sua reputação como o piloto mais rápido da F-1 de todos os tempos.
Quando começou a corrida, Ayrton Senna não deu chances a ninguém e venceu de ponta a ponta, abrindo uma sólida vantagem desde o começo, marcando também a volta mais rápida. Só faltou colocar uma volta no segundo colocado, o que, neste caso, não se trata de mera figura de linguagem.
Afinal, o italiano Michele Alboreto levou sua Ferrari ao segundo posto a exatos um minuto e dois segundos de Senna, uma eternidade em se tratando de F-1. O terceiro colocado, Patrick Tambay, com Renault, levou uma volta e a partir do quinto colocado, o inglês Nigel Mansell, com a Williams, todos tinham pelo menos duas voltas de desvantagem em relação ao brasileiro.
“Perdi as vezes em que estive a ponto de quase bater em outro carro. As condições da pista estavam muito perigosas. Dez vezes pior do que o ano passado. Hoje é um dia muito feliz para mim, tive muita sorte de poder segurar o carro em linha reta”, disse Ayrton Senna em entrevista à Folha de S. Paulo no dia 21 de abril de 1985, após a corrida.
Sob um temporal que levou 13 dos 26 pilotos que largaram a cometer rodadas espetaculares, o impressionante desempenho do piloto brasileiro levou a publicação inglesa Motoring News a escrever que “Senna deslizava, navegando seguro como um experiente timoneiro numa pista cheia de armadilhas, enquanto outros pilotos veteranos naufragaram na aquaplanagem”.
Depois do show em Mônaco, em 1984, o Grande Prêmio de Portugal consagrou enfim o Ayrton Senna da Chuva, o melhor piloto da história da Fórmula 1 em pista molhada.
Com o resultado, Senna iria para nove pontos no campeonato e empatava com a Alain Prost, da McLaren, na vice-liderança. Michele Alboreto, da Ferrari, era o primeiro com 12 pontos. Foi também o primeiro triunfo da tradicional equipe Lotus em três anos.
A última vitória havia sido no GP da Áustria de 1982 (com o italiano Elio de Angelis), e a penúltima fora em 1978 (com o norte-americano Mario Andretti), mostrando que Senna foi o principal responsável por levar novamente o tradicional time ao topo do pódio nos três anos seguintes (1985 a 1987).
Resumo da Corrida
- 1 Ayrton Senna
- 2 A. Prost
- 3 K. Rosberg
- 4 E. de Angelis
- 5 M. Alboreto
- 6 D. Warwick
- 7 N. Lauda
- 8 A. de Cesaris
- 9 N. Mansell
- 10 N. Piquet
- 11 S. Johansson
- 12 P. Tambay
- 13 R. Patrese
- 14 E. Cheever
- 15 M. Winkelhock
- 16 T. Boutsen
- 17 G. Berger
- 18 J. Laffite
- 19 F. Hesnault
- 20 P. Alliot
- 21 S. Bellof
- 22 M. Brundle
- 23 J. Palmer
- 24 M. Baldi
- 25 P. Martini
- 26 P. Ghinzani
Voltas | 67 |
Tempo | Chuvoso |
Volta mais rápida | A. Senna - 1´44´´121 |
Podium | 1º Ayrton Senna 2º M. Alboreto 3º P. Tambay |
Carros | 26 |
Abandonos | 17 |
