Tricampeonato

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Ayrton Senna buscou as vitórias e títulos desde muito cedo. E conquistou títulos em todas as categorias por onde passou antes de chegar na Fórmula 1. Depois de conquistar as suas primeiras vitórias na F1 e terminar em terceiro no mundial de pilotos em 1987 , faltava-lhe uma sequência constante de pódios e pontos que lhe desse chances de ganhar o campeonato.

Depois de impressionar pilotos e chefes de equipe com seu desempenho extraordinário mesmo em condições muito inferiores de equipamento, Ayrton Senna se tornou piloto oficial da equipe McLaren em 1988.

“Para ter sucesso, você precisa ter tudo certo. Um bom motor e um bom carro. E foi isso que a McLaren me deu. O melhor carro que pilotei na minha carreira, de longe.” Ayrton Senna

A disputa começou ainda dentro da equipe, pois seu companheiro, Alain Prost, já havia conquistado 28 vitórias e dois títulos mundiais, feitos que lhe conferiam o status de piloto no1. Ayrton Senna, no entanto, queria deixar sua marca desde o início.

Ayrton Senna celebra seu primeiro título mundial em Suzuka
Bicampeonato
Tricampeonato

Os dois tinham estilos muito diferentes: Prost, apelidado de “O Professor”, era calmo e analítico, tendo como estratégia a consistência na busca pelo campeonato, em que fazer pontos e não arriscar muito poderia valer mais do que uma briga malsucedida por posições. Já Ayrton Senna era mais impulsivo e corria sempre em busca das vitórias.

Com o chassi e motor do MP4/4 e dois pilotos excelentes, a disputa pelo campeonato de 1988 foi dominada por Ayrton Senna e Alain Prost. Dos 16 Grandes Prêmios disputados durante o ano, 15 foram vencidos pelos pilotos da McLaren. E a decisão do titulo ocorreu apenas na penúltima corrida, em Suzuka.

Todo o circo da Fórmula 1 estava ansioso para aquela corrida, mas quando acenderam as luzes verdes, a expectativa se transformou em choque: o motor de Ayrton Senna apagou. Seu braço se levantava para alertar aqueles atrás dele, enquanto tentava dar a partida no motor, que então morreu de novo.

Caindo de 1º para 14º na primeira curva, Ayrton Senna, focado como nunca antes e com uma fúria o empurrando, ultrapassou seis carros na primeira volta. Mais duas posições foram conquistadas na volta seguinte. Ayrton Senna ultrapassou Thierry Boutsen na terceira volta, Michele Alboreto na quarta e então foi à caça da Ferrari de Gerhard Berger. Mesmo com a liderança de Alain Prost aumentando durante algum tempo, já que ele tinha pista livre à frente, Ayrton Senna o alcançou na 27ª volta, ultrapassando-o na descida para a curva 1, quando Prost aparentemente errou uma marcha. Defender-se foi em vão, já que estava claro que aquele seria o dia do brasileiro.

Ayrton Senna agora tinha a liderança, mas ainda restavam 23 voltas — quase metade da prova. Uma chuva fina caiu a cinco voltas do final, tornando a pista traiçoeira ao extremo. Equilibrando as necessidades de se manter à frente e de permanecer na pista, Ayrton Senna finalmente pôde celebrar a vitória ao completar a 51a volta, dando socos no ar e gritando de forma enlouquecida: “Conseguimos! Conseguimos!” para seu engenheiro, Steve Nichols.

Sua empolgação frenética, vista raríssimas vezes em outros pilotos, ao vencer tanto a corrida quanto o título mundial, também liberava a tensão de sua longa batalha com Prost na pista e na equipe. Ayrton Senna tornou sua maior ambição de vida real logo na primeira oportunidade em uma equipe de ponta, e posteriormente chegou a dizer que viu Deus na volta final.

Nada resume melhor a habilidade e determinação de Ayrton Senna do que esta vitória incontestável.

“Correr, competir, está no meu sangue. Faz parte de mim. Faz parte da minha vida. Tenho feito isso a minha vida inteira e está acima de todo o resto.” Ayrton Senna

SENNA É BI
O primeiro título teve muitas vitorias e disputas de perder o folego, mas Ayrton Senna logo começaria a experimentar o gosto amargo da Fórmula 1. O conflito dentro da equipe resultou em novos episódios de rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost e alcançou o seu ápice na decisão do campeonato de 1989, novamente em Suzuka, quando as duas McLaren se tocaram e ambos saíram da pista. Ayrton Senna conseguiu voltar à corrida e com muita garra conseguiu recuperar venceu, mas foi desclassificado por ter cortado uma chicane na manobra de retorno. Ayrton Senna ficou furioso, e Alain Prost foi novamente campeão.
O tira-teima viria em 1990, quando ambos novamente se enroscaram, desta vez, na primeira curva do circuito de Suzuka, com vantagem para o brasileiro, que só precisava chegar à frente do francês, agora correndo pela Ferrari. Um bicampeonato muito festejado, mesmo sem os protagonistas da disputa na pista.

TRI
Em 1991, o tricampeonato viria após muita luta contra as velozes Williams. Mesmo com certa desvantagem da McLaren no final da temporada, Ayrton Senna levantou o título novamente no Japão, depois que Nigel Mansell, pressionado pela necessidade de ultrapassar o brasileiro, abandonou a prova.
Três títulos incontestáveis, lembrados até hoje como grandes momentos do automobilismo, dando a Ayrton Senna um lugar cativo entre os maiores esportistas da história.

Ayrton Senna era o Brasil que dava certo em um momento difícil para o País, de crises econômica e política. Ele se orgulhava de ser brasileiro, e levava a bandeira verde e amarela para o topo do mundo. Até hoje, ele é a prova de que com garra, perseverança, fé, coragem e determinação, é possível conquistar qualquer objetivo na vida.