Os norte-americanos nunca foram grandes entusiastas do futebol, mas o clima da disputa do Mundial de Futebol de 1986 havia chegado à Detroit naquele final de semana.
Ayrton Senna conquistou a pole position no sábado com a melhor de suas voltas em 1min38s301, mais de meio segundo à frente do rival Nigel Mansell. Essa era a quarta pole position de Senna em sete GPs na temporada 1986. Mas enquanto Senna dava alegria aos brasileiros por lá, nos gramados do México, o Brasil amargou a eliminação nas quartas de final para a França, país da grande maioria de mecânicos ligados aos motores Renault de sua Lotus – e do rival Alain Prost.
A pequena torcida brasileira presente no circuito de Detroit tinha um pedido especial ao piloto naquele domingo: dar “um olé no francês” Prost e assim vingar “a pátria de chuteiras”. Ayrton Senna viu esse cartaz exposto e riu, levantando o polegar com o sinal de positivo quando entrava em seu carro negro e dourado para a corrida. O brasileiro havia aceitado o desafio.
Mesmo errando uma marcha no começo da prova, o que o fez perder a liderança para o Leão Mansell, Senna retomou a ponta na volta 8 e, imediatamente começou a abrir uma boa vantagem. Todavia, voltas depois, um pneu furado fez Senna cair para oitavo, 20s atrás do líder no momento: René Arnoux.
Voltando dos pits com todo o gas do mundo, começou a fazer uma série de ultrapassagens incríveis! Ele passou Michele Alboreto na volta 15 e Stefan Johansson na volta 17. Arnoux, Prost, Mansell e Laffite fizeram pit stops para troca de pneus, e Ayrton se aproveitou para assumir a segunda posição, somente 1s7 atrás do líder Piquet.
Depois da parada de Piquet, Senna somente controlou a liderança de 30s e venceu com boa folga de uma dupla de franceses que foi ao pódio: Laffite em segundo e Prost em terceiro.
“Quando estava atrás de Nelson (Piquet) e o vi entrando nos boxes, sabia que poderia ultrapassá-lo. Depois, ele ainda bateu no muro.”
Senna, em sua volta de desaceleração, viu um brasileiro do lado da pista com uma bandeirinha do Brasil. Ele não hesitou em parar, pegar a bandeira, e dar uma volta com ela em punho, em um gesto que seria eternizado em muitas e muitas conquistas.
Confira o relato na voz de Ayrton Senna:
Melhor final para este Grande Prêmio, impossível!