A temporada de 1993 é considerada por muitos fãs como a melhor de Ayrton Senna por conta de suas apresentações históricas. Mesmo pilotando uma McLaren bem inferior aos carros da Williams e até os da Benetton em nível de potência, Senna conseguiu cinco vitórias heroicas, cada uma com sua particularidade.

Senna terminou a a temporada de 1993 com o vice-campeonato, atrás apenas de Alain Prost, da Williams. No final, além dos cinco triunfos, Senna ainda subiu no pódio outras duas vezes e fez uma pole position quase sem gasolina no último GP, em Adelaide.

Relembre as 5 vitórias de Senna em 1993:

GP do Brasil

Vencedor do GP do Brasil em 1991, Senna fazia em Interlagos na temporada de 1993 a sua 100ª corrida com a McLaren na F1. Largando da terceira posição, atrás de Alain Prost e Damon Hill, Senna contou com a ajuda de sua grande aliada: a chuva. Com toda a água que caiu em Interlagos, aconteceu de tudo: nove acidentes, três colisões (uma delas entre Alain Prost e Christian Fittipaldi), troca de pneus de chuva para slick e a primeira entrada do Pace car (por oito voltas) depois de oficialmente instituído na F1.

Ayrton Senna ainda sofreu uma punição por uma manobra arriscada e perdeu mais de 10 segundos nos boxes. Quando a chuva parou e a pista começou a secar, o piloto brasileiro ultrapassou a Williams de Damon Hill com um verdadeiro “drible da vaca” no Laranjinha e segurou sua McLaren até a bandeirada final. O carro parou 50 metros após a linha de chegada e a torcida presente em Interlagos invadiu a pista para comemorar com o piloto.

GP da Europa

Em 1993, Ayrton Senna deu um show no GP da Europa, disputado em Donington Park, na Inglaterra. O brasileiro foi mais que perfeito na primeira volta ultrapassando Michael Schumacher (Benetton), Karl Wendingler (Sauber) e as Williams de Damon Hill e Alain Prost, naquela que é considerada a melhor primeira volta de todos os tempos da categoria.

Ayrton também cravou a volta mais rápida da corrida de uma maneira inusitada: com uma passagem por dentro do box, já que Ayrton tinha estudado o circuito e sabia que por ali a volta seria mais curta.

Na época, não existia o limitador de velocidade nos boxes e a McLaren passou voando por ali. Para completar a corrida praticamente perfeita de Senna, o piloto da McLaren ainda colocou 1 minuto e 23 segundos de vantagem no segundo colocado, que foi Damon Hill. Prost, terceiro na prova, tomou uma volta do brasileiro.

GP de Mônaco

No dia em que Ayrton Senna se transformou no “Rei de Mônaco” ao conquistar sua sexta vitória no Principado, ele e Ron Dennis, chefe de equipe da McLaren, fizeram uma grande festa no pódio, representando a histórica parceria do piloto brasileiro com a McLaren.

Senna chegou ao Principado de Mônaco em 1993 em busca de sua quinta vitória consecutiva no circuito. Largando em terceiro, Senna tinha um problema em seu dedão da mão esquerda. Durante os treinos livres, o brasileiro bateu sua McLaren no guard-rail quando estava perto dos 270 km/h e o impacto acabou afetando sua mão.

Com o auxílio de Josef Leberer, fisioterapeuta da McLaren, Senna se recuperou bem para a corrida e na largada manteve a terceira posição. Prost, que vinha em segundo, foi punido pelos comissários por ter queimado a largada e precisou pagar um drive through no box, o que acabou lhe tirando da disputa da vitória.

O problema que faltava Senna superar era Schumacher, que conseguiu abrir uma boa vantagem para o brasileiro. Na volta 33, o alemão sofreu uma quebra de motor em sua Benetton, abrindo caminho para Ayrton construir o incrível recorde de seis vitórias em Mônaco, recorde que até hoje nunca foi alcançado.

GP do Japão

Ayrton Senna tem grandes histórias no Japão. Afinal, foi lá que conquistou seus três títulos mundiais de F1: 1988, 1990 e 1991. Em 1993, Senna largaria em segundo ao lado do campeão antecipado Alain Prost, que se aposentaria ao final da temporada. Se nas largadas de 1989 e de 1990 essa dupla se tocou logo na primeira curva, em 1993 o roteiro foi diferente: Senna largou melhor que o francês e assumiu a ponta após a primeira curva. A partir daí, Senna dominou a corrida e Prost somente voltou a liderar quando Ayrton fez o primeiro pit-stop. Depois disso, o brasileiro foi absoluto.

Ao fim das 53 voltas, lá estavam, novamente no pódio, os dois grandes rivais. O vencedor Ayrton Senna e Alain Prost, com sua faixa de tetracampeão carimbada. Ao sair do carro, Ayrton não se esqueceu de cumprimentar Rubens Barrichello pelos primeiros pontos na Fórmula 1. A revelação do País finalizou a prova em quinto lugar com a Jordan, um excelente resultado para o jovem estreante.

O triunfo de Ayrton em Suzuka ainda teve duas marcas especiais: era a 40ª vitória dele na Fórmula 1 e a de número 103 da McLaren na história da categoria. A equipe inglesa igualava os mesmos números da Ferrari, maior vencedora até então.

GP da Austrália

Apesar do grande domínio das Williams e do tetra já assegurado por Alain Prost, vencer a corrida final de 1993 em Adelaide teria um gosto bastante especial para Senna. Era a despedia do piloto brasileiro após sua longa parceria de seis temporadas pela equipe McLaren. Nessa mesma corrida, Prost se aposentava de vez da Fórmula 1. Estava marcado então o último duelo entre eles na F1, o que deixaria um grande vazio para muitos fãs do automobilismo nos anos seguintes.

Senna foi o mais rápido nos treinos livres e marcou sua pole de número 62 na carreira, mostrando que mesmo com um equipamento inferior ainda podia fazer milagres em circuitos de rua. Ayrton bateu Prost por 436 milésimos, naquela que foi a única vez em que Ayrton largou na pole em 1993.

Na corrida, Senna somente deixou a ponta quando parou para trocar pneus na 23ª volta, retomando-a de Prost na 29ª volta. No final, após 79 voltas, Senna recebeu bandeirada em primeiro lugar e conquistou sua 41ª vitória nos 158 Grandes Prêmios disputados até ali. Foi a última vitória de Senna na carreira, a 35ª pela McLaren, com 46 poles e 447 pontos conquistados dentro da equipe inglesa.