Em 1992, a McLaren vivia o grande desafio de desenvolver pela primeira vez um câmbio semiautomático (com borboletas atrás do volante) para os carros de Ayrton Senna e Gerhard Berger. No ano anterior, o brasileiro havia se sagrado tricampeão, mas com as mudanças no regulamento e o grande poder tecnológico das Williams, o time de Woking teria muitas dificuldades para superar a equipe adversária de Nigel Mansell e Riccardo Patrese, que já terminou a temporada de 1991 mostrando superioridade em relação à McLaren
Ainda na pré-temporada, Senna e Berger pilotaram o novo carro da McLaren no circuito de Silverstone e relataram suas primeiras impressões do monoposto, que teria como principal novidade justamente o câmbio semiautomático. Apesar do carro ter ficado longe de repetir o sucesso dos anos anteriores, Senna ainda venceria os GPs de Mônaco, da Itália e da Hungria em 1992.
Aumente o som e ouça o ronco da McLaren-Honda MP4/7A no histórico autódromo britânico (legendas abaixo do vídeo):
https://www.youtube.com/watch?v=NOGNFJjK2kI
Gerhard Berger:
“Sim, eu tenho um pouco de experiência com o câmbio semiautomático. E devo dizer que, em 1987, John Barnard (designer de carros) começou a desenvolver um câmbio semiautomático, e muita gente foi contra. Eu sempre fui um defensor. Depois de pilotar pela primeira vez, eu disse que, em cinco anos, não haveria nenhum carro na Fórmula 1 sem um câmbio semiautomático. Agora, três anos depois, parece que todo mundo está indo nessa direção. Então, hoje, eu tenho impressão de que estava certo. E eu acho que, sem um câmbio semiautomático, você não será competitivo. Eu gosto de correr no Japão. Já tive duas pole positions lá, em duas corridas, e eu sempre gosto de correr no Japão. Mas eu gosto ainda mais de usar um motor Honda, porque é um motor vencedor, que usamos há muito tempo. E temos um novo motor novamente, e se ele tiver a cara da Honda, vamos vencer de novo”.
Ayrton Senna:
“O câmbio semiautomático é claramente um avanço. Ele já está funcionando bem. E contanto que continue sendo confiável, é um bom sistema para se ter, porque é claramente um avanço. Estamos começando a nova temporada e já estamos lutando muito com os nossos rivais, especialmente a Williams-Renault. E embora já tenhamos ganhado alguns títulos, sentimos que este ano vai ser ainda mais difícil do que o último. Portanto, precisamos de toda a ajuda possível de todos os funcionários da Honda, especialmente no Japão, sejam eles mecânicos, técnicos, engenheiros, projetistas ou executivos, para desenvolver o motor e o câmbio e – junto com a McLaren – o carro todo, da melhor forma possível. Só assim poderemos lutar novamente por mais um título. Nós somos capazes – sabemos que somos, já fizemos isso várias vezes – mas fica mais difícil a cada ano. Com o domínio da Honda ano após ano, todos os rivais têm a Honda na mira, o tempo todo. Se quisermos manter o número 1 no carro, ou se quisermos continuar na primeira posição, vamos ter que lutar ainda mais. E nosso compromisso terá que ser maior do que nunca”.