por Rodrigo França, em Suzuka (Japão), para a VIP

Há 25 anos, Ayrton Senna conquistava o tricampeonato mundial de F-1, o terceiro em quatro anos seguidos (1988, 1990 e 1991), sendo que o de 1989 lhe foi tirado em uma das decisões mais controversas da história do esporte a motor

Em 20 de outubro de 1991, o piloto da McLaren segurou bem a pressão de seu maior rival no campeonato, o inglês Nigel Mansell. De tanto pressionar Senna, o piloto da Williams errou na curva 1 de Suzuka e, com o abandono no GP do Japão, abriu caminho para o tri do brasileiro.

E não é apenas no Brasil em que a memória dos 25 anos do tri permanece viva. VIP esteve em Suzuka na corrida deste ano da F-1 e entrevistou pilotos que estão no grid, rivais de Senna e outros personagens do automobilismo e constatou: a idolatria ao brasileiro seguirá forte por muitos anos.

Quem resume bem é Martin Brundle, ex-piloto de F-1 e rival de Senna na F-3 Inglesa (foi vice do brasileiro em 1983). “falam de Senna aqui em Suzuka e no mundo inteiro. E sempre vão falar, pelos próximos 100, 200 anos… até quando a F-1 correr no espaço vão falar de Ayrton Senna. Ele transcendeu o esporte, é como Pelé, Muhammad Ali…”, diz Brundle em entrevista exclusiva à VIP em Suzuka.

Que os atuais pilotos do grid são fãs de Senna também é fato consumado – que o dia o tricampeão Lewis Hamilton, que tem no brasileiro seu maior herói e a quem costuma dedicar todas suas conquistas.

Mas outro campeão mundial também é um grande admirador de Senna: o espanhol Fernando Alonso. Seu primeiro kart, inclusive, carregava as cores vermelho e branco da McLaren do final dos anos 1980 e começo dos anos 1990. Hoje, ele pilota um McLaren Honda, o mesmo conjunto carro-motor que deu os três títulos a Senna.

“Cresci vendo na TV as belas imagens das corridas de Ayrton (Senna) aqui no Japão com a McLaren Honda. Fico feliz de estar agora dentro deste mesmo projeto (equipe-motor), que tem muita história na F-1 e justamente por isso queremos conquistar um bom resultado neste domingo”, disse Alonso.

Até no ambiente dos videogames o nome Senna é sinônimo de mito. Criador da maior sucesso mundial de jogos de corrida, o Gran Turismo, o japonês Kazunori Yamauchi conta que o sucesso da série jamais existiria sem Ayrton Senna.

“Ele é minha inspiração e sempre será. Eu estava em Suzuka na arquibancada quando ele foi tricampeão. A maneira como ele fazia as curvas de alta velocidade era diferente, era possível ver que o controle do carro era fenomenal”, disse Yamauchi em entrevista à revista VIP em Tóquio no escritório onde os jogos Gran Turismo são criados.

A idolatria a Senna é impressionante no Japão, como VIP constatou nas arquibancadas em Suzuka – milhares de fãs usam itens relacionados aos pilotos e alguns mais ousados inclusive se vestem como o piloto, com macacão, capacete e tudo!

“Os japoneses são extremamente ligados a detalhes, são perfeccionistas, e Ayrton (Senna) era assim. Isso ajuda a explicar tamanha identificação e admiração”, diz Kaz Kawai, o “Reginaldo Leme” do Japão, cobrindo há décadas F-1 pela Fuji TV – e um dos três jornalistas do vídeo que virou “viral” com o anúncio da morte do piloto em 1994 – e usado no famoso documentário “Senna” (2010), de Asif Kapadia.

“Sempre que venho aqui em Suzuka me lembro muito de Ayrton (Senna)”, diz o austríaco Josef Leberer, preparador físico do brasileiro nos anos de McLaren e que hoje trabalha na Sauber com Felipe Nasr.

“A idolatria do povo japonês com Senna é impressionante. Por onde andava era um assédio enorme. Quando o viam, era algo como um rock star, alguns pareciam até que iam desmaiar. Para os japoneses, Senna era Deus. Claro que a admiração tem a ver com as conquistas, mas também pela identificação deles com os valores do Ayrton (Senna), como determinação, força de vontade e superação”, diz Leberer.

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