Pelo terceiro ano consecutivo, Ayrton Senna e Alain Prost decidiam o título da F-1 em Suzuka. Senna chegou ao Japão com 78 pontos, nove pontos de vantagem para Prost no Mundial de Pilotos. Para levantar o seu segundo título da Fórmula 1 antes mesmo da última prova, bastava o brasileiro fazer mais pontos que o francês.

Na quarta-feira anterior à corrida, Senna perguntou aos organizadores da prova se poderiam mudar o lado do posicionamento dos pilotos no grid, colocando o ponteiro do lado de fora, e o segundo do lado de dentro, encostado no muro, onde a pista tinha menos aderência e era mais suja. Senna não teve seu pedido aceito, mas mesmo assim seguiu trabalhando intensamente nos treinos para sair na primeira colocação.

No sábado, todo o trabalho da McLaren para garantir a conquista focou-se em dominar a primeira fila do grid de largada. A Ferrari também tinha o mesmo objetivo. Ambas imaginavam que o jogo de equipe favoreceria Ayrton Senna ou Alain Prost.

Nenhuma das duas conseguiu: Ayrton Senna conquistou a pole position de maneira espetacular, com meio segundo de vantagem sobre Prost, mas Nigel Mansell ficou à frente de Gerhard Berger. Os concorrentes diretos ao título largariam na primeira fila.

E o tão esperado duelo entre Ayrton Senna e Alain Prost não passou de 800 metros e 9 segundos de corrida. Logo na primeira curva, os pilotos se enroscaram e saíram juntos pelo escape de terra do circuito de Suzuka.

Quando a poeira baixou, Ayrton Senna era o novo bicampeão do mundo, dando o troco em Alain Prost em uma cena que lembrou muito a decisão de 1989, que favoreceu o francês.

Para Senna, a batida não teve nada de anormal. “No ano passado eu perdi o título em uma batida. Esse ano eu ganhei. A única diferença é que foi no começo da prova”, declarou aos jornalistas. Perguntado se era desagradável ser campeão sem ter ido ao pódio na prova decisiva, Ayrton foi enfático: “Eu fui para o pódio mais vezes do que qualquer outro piloto nesta temporada”.

Para completar a grande festa brasileira do dia, Nelson Piquet venceu a corrida e Roberto Moreno foi o segundo, em dobradinha da Benetton.

Foi o GP de número 109 da carreira de Ayrton, que se sagrava bicampeão com 30 anos de idade. Foi a coroação de uma temporada incrível e constante. Ayrton venceu seis vezes e subiu no pódio em 11 das 16 etapas do ano.