Gp do Japão 1990

Fórmula 1

GRANDE PRÊMIO Do JAPÃO

Pelo terceiro ano consecutivo, Ayrton Senna e Alain Prost decidiam o título da F-1 em Suzuka. Senna chegou ao Japão com 78 pontos, nove pontos de vantagem para Prost no Mundial de Pilotos. Para levantar o seu segundo título da Fórmula 1 antes mesmo da última prova, bastava o brasileiro fazer mais pontos que o francês.
Na quarta-feira anterior à corrida, Senna perguntou aos organizadores da prova se poderiam mudar o lado do posicionamento dos pilotos no grid, colocando o ponteiro do lado de fora, e o segundo do lado de dentro, encostado no muro, onde a pista tinha menos aderência e era mais suja. Senna não teve seu pedido aceito, mas mesmo assim seguiu trabalhando intensamente nos treinos para sair na primeira colocação.
No sábado, todo o trabalho da McLaren para garantir a conquista focou-se em dominar a primeira fila do grid de largada. A Ferrari também tinha o mesmo objetivo. Ambas imaginavam que o jogo de equipe favoreceria Ayrton Senna ou Alain Prost.
Nenhuma das duas conseguiu: Ayrton Senna conquistou a pole position de maneira espetacular, com meio segundo de vantagem sobre Prost, mas Nigel Mansell ficou à frente de Gerhard Berger. Os concorrentes diretos ao título largariam na primeira fila.

A tensão era grande para o início da prova. Durante o briefing pré-corrida, mais uma discussão acabou esquentando os bastidores do GP do Japão. O diretor de prova Roland Bruynseraede começou a passar as instruções de rotina, quan do resolveu falar justamente sobre o problema de passar reto na chincane, foi questionado por Piquet, em uma cena revelada recentemente no documentário “Senna”, de Asif Kapadia.
Diretor de prova: “A corrida terá 53 voltas. Quem passar reto na chicane tem de voltar pelo traçado original”.
Nélson Piquet: “- Porque não fica assim a medida de segurança: se você passar reto, um fiscal de pista te interrompe. Caso não tenha tráfego, você fica livre para seguir pela chincane e retornar ao traçado. Pois dar meia-volta e entrar na contramão, com carros vindo na outra direção, é muito mais perigoso. Se outro carro vier e também errar a freada, vai bater em você.”
Diretor de prova: ” Ok, todos concordam?”
Pilotos: “ Sim”.
Neste instante, Ayrton Senna se levanta, falando diretamente para o diretor de prova, e se dirige a saída da sala.

Senna: ” Não aceito isto, só pode ser piada. O que aconteceu ano passado foi uma piada. Esta mesma situação. Ele acabou de provar isto. Eu não falei nada, e vocês todos viram outra pessoa (no caso Piquet), levantando exatamente este assunto e todos concordaram. Ano passado foi muito ruim para mim”.
Pouco antes da largada, o brasileiro Roberto Moreno, que substituiu Alessandro Nannini na Benetton, opinou sobre a decisão de 1990 entre os pilotos de McLaren e Ferrari:
“Esta é uma briga em que primeiro vai para a história e o segundo para o esquecimento”
E o tão esperado duelo entre Ayrton Senna e Alain Prost não passou de 800 metros e 9 segundos de corrida. Logo na primeira curva, os pilotos se enroscaram e saíram juntos pelo escape de terra do circuito de Suzuka.

Quando a poeira baixou, Ayrton Senna era o novo bicampeão do mundo, dando o troco em Alain Prost em uma cena que lembrou muito a decisão de 1989, que favoreceu o francês.
Para Senna, a batida não teve nada de anormal. “No ano passado eu perdi o título em uma batida. Esse ano eu ganhei. A única diferença é que foi no começo da prova”, declarou aos jornalistas. Perguntado se era desagradável ser campeão sem ter ido ao pódio na prova decisiva, Ayrton foi enfático: “Eu fui para o pódio mais vezes do que qualquer outro piloto nesta temporada”.
Para completar a grande festa brasileira do dia, Nelson Piquet venceu a corrida e Roberto Moreno foi o segundo, em dobradinha da Benetton.
Foi o GP de número 109 da carreira de Ayrton, que se sagrava bicampeão com 30 anos de idade. Foi a coroação de uma temporada incrível e constante. Ayrton venceu seis vezes e subiu no pódio em 11 das 16 etapas do ano.

Fórmula 1

Gp do Japão

Grid de largada

A Corrida

Senna na corrida

Grid de largada

Ayrton Senna

A. Prost

N. Mansell

G. Berger

T. Boutsen

N. Piquet

R. Patrese

R. Moreno

A. Suzuki

10º

P. Martini

11º

D. Warwic

12º

I. Capelli

13º

S. Nakajima

14º

J. Herbert

15º

M. Gugelmin

16º

E. Bernard

17º

N. Larini

18º

E. Pirro

19º

G. Morbidelli

20º

P. Alliot

21º

S. Modenna

22º

D. Brabham

23º

A. Caffi

24º

M. Alboreto

25º

A. De Cesaris

26º

27º

A Corrida

53

voltas

25

carros

15

abandonos

1’44”233

volta mais rápida

tempo Ensolarado

Pódio

N. Piquet

R. Moreno

A. Suzuki

Senna na Corrida

Posição de final (abandonou na 1ª volta)

posição no campeonato após a prova

posição de largada

0

pontos somados no campeonato

-

melhor volta (não completou)

Pedi durante todo o fim de semana para que o pole largasse do outro lado do trajeto e eles se recusaram, criando um problema que já anunciava esta batida.

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