Ayrton Senna esperava o ano mais difícil na McLaren desde a sua chegada na equipe, em 1988. O Grande Prêmio do Brasil marcaria a estreia no novo carro. Mesmo com performances fracas nos testes da pré-temporada, havia alguma esperança de melhora.
Mas não foi uma boa surpresa, como o piloto mesmo relatou após a prova:
“Comecei mudando o ajuste da suspensão na classificação. O carro tornou-se duro, perdeu aderência e as rodas ficavam mais tempo no ar do que no chão. O motor quebrou e só tive tempo para treinar de tanque cheio no warm up. Foi muito difícil conseguir largar em terceiro lugar. Na corrida, percebi que as Williams estavam num nível superior e, como era impossível impedir a vitória de Mansell, acomodei-me atrás delas. Porém, já na quarta volta, tive problemas com o motor. Ele cortava de repente e em plena reta, a 250 km/h, como se eu tivesse tirado o pé do acelerador. Achei que fosse pane eletrônica e desliguei a ignição. Como tudo é computadorizado, desligar o carro é como recomeçar o processo do computador. Se a falha fosse do programa teria consertado. Fiz isso duas vezes sem resultado. Aí reduzi as rotações do motor nas trocas de marcha e alterei a mistura de combustível, mas o problema persistia. Estava muito perigoso guiar. Em quinta marcha e em cima de uma ondulação, o carro podia mudar a trajetória sem que eu soubesse para onde ele iria. Por isso, resolvi abandonar a prova e esperar pela suspensão ativa prometida para o GP da Espanha”
Ayrton Senna. Interlagos, 6 de abril 1992.