Uma das maiores polêmicas da história da Fórmula 1 aconteceu no final da temporada de 1989 na disputa do título mundial entre Ayrton Senna e Alain Prost. O campeão da temporada não foi decidido na pista, mas sim nos bastidores após a desclassificação do piloto brasileiro no GP do Japão por conta de um corte na chicane após o toque que recebeu de Prost. Com isso, o francês, que havia abandonado a prova, foi declarado campeão mundial por Jean-Marie Balestre, presidente da FISA na época.
Senna ficou indignado por ter sua vitória caçada ainda antes de subir no pódio em Suzuka e na sequência fez várias críticas contundentes aos rumos tomados pelo campeonato de 1989. Pressionado durante o período de recesso da competição entre 1989 e 1990, Balestre reagiu com ameaças contra o campeão da temporada de 1988 e também contra a própria McLaren. O francês decidiu multar o piloto e a equipe em 100 mil dólares para que ambos pudessem se inscrever na temporada de 1990, além de solicitar um pedido de desculpas em público.
Conforme os dias foram passando em janeiro de 1990, Ayrton mostrava-se bastante tranquilo e atendia respeitosamente os pedidos da imprensa na porta da sua casa em Angra dos Reis (RJ) durante as férias. A resposta do brasileiro sobre as declarações de Balestre eram sempre as mesmas: “nada a declarar”.
Quem decidiu falar com a imprensa na época sobre o assunto foi Maurício Gugelmin, piloto que correria em 1990 pela equipe March e que era amigo pessoal de Ayrton desde os tempos de Fórmula 3. Perguntado sobre a possibilidade de Senna não disputar a temporada, Gugelmin foi enfático: “Um piloto como o Ayrton Senna não poder ficar de fora. É a mesma coisa que tirassem o Pelé da Copa de 70, tá louco!”.
Mesmo contrariado e pensando na sequência da sua carreira na F1, Ayrton se desculpou e a multa foi paga na data limite para as inscrições do Mundial de 1990. Alguns anos mais tarde, em 1996, Balestre admitiu que “deu uma mãozinha” a Prost para que seu compatriota conquistasse o título em 1989. No entanto, o troco de Senna viria na pista em 1990 com a conquista do bicampeonato mundial, justamente em Suzuka. Dessa vez o toque entre a McLaren de Senna e a Ferrari de Prost favoreceu o brasileiro, que liderava o campeonato.