Em 23 de maio de 1986, duas semanas após o GP de Mônaco onde Ayrton Senna foi ao pódio com um terceiro lugar, a F-1 desembarcava na Bélgica, mais precisamente em Spa-Francorchamps, um circuito muito exigente, principalmente por causa dos aclives, declives e muitas curvas traiçoeiras, como a Eau Rouge, dificílima de contornar com máxima aceleração.

Conclusão: é um circuito para grandes pilotos, equipados com bons motores. A Lotus nº 12 tinha um magistral piloto, com certeza, mas o motor que falava mais alto naquelas condições era o Honda, das Williams de Nigel Mansell e Nelson Piquet.

Durante a classificação, Senna conquistou o quarto lugar no grid de largada e não desanimou. A pole ficou com Piquet, seguido do surpreendente Gerhard Berger, da Benetton. Na segunda fila, ao lado do brasileiro, estava Alain Prost (McLaren) na terceira posição. Mansell era apenas o quinto colocado.

Na largada, uma tática perfeita de Senna. O brasileiro apostou em ficar por fora na curva La Source, enquanto Berger e Prost se espremeram e acabaram se tocando. Melhor para Senna, que ultrapassou os dois e colocou a Lotus na segunda posição, enquanto Piquet manteve a liderança. A terceira posição passou a ser de Nigel Mansell e a quarta de Stefan Johansson (Ferrari).

Antes da volta 20, a diferença entre Mansell e Senna era de apenas 2s3. Em uma tática esperta, a Williams levou o britânico logo para o box, uma volta antes do brasileiro entrar. O trabalho da Lotus foi um 1s5 mais lento que o da equipe rival.  Além disso, o brasileiro foi atrapalhado por um retardatário (o francês Philippe Streiff) na volta em que iria para o box. Resultado: Mansell voltou na frente.  Johansson assumiu a liderança, mas por apenas duas voltas, até realizar também a sua parada e logo depois se acomodou na terceira posição.

Durante o restante da corrida, Ayrton Senna levou a sua Lotus com grande destreza pelo desafiante traçado, sendo obrigado a acelerar menos para economizar combustível nas voltas finais. O brasileiro sabia que, com apenas o sexto lugar de Prost, assumiria a liderança do campeonato.

O brasileiro não conseguiu a vitória, mas ficou com a segunda colocação e seu segundo pódio em Spa-Francorchamps – o primeiro foi em 1985, corrida na qual Senna também comemorou sua segunda vitória na F1.

Com o resultado, Senna garantiu a liderança da competição com 25 pontos, enquanto Prost foi para 23. Mansell subiu para terceiro com 18 pontos e Nelson Piquet estacionou nos 15. A etapa seguinte estava marcada para Montreal, no Canadá, em três semanas.