Algumas das vitórias de Ayrton Senna em sua carreira ficaram marcadas por táticas surpreendentes do piloto brasileiro. Uma delas aconteceu há exatos 26 anos, no GP da Hungria de 1991, quando o brasileiro venceu a corrida com dois pneus duros do lado esquerdo e dois pneus macios do lado direito, em uma ação longe de ser comum na época e que hoje não é mais permitida pelo regulamento.
Relembre outras cinco histórias de vitórias de superação de Senna ao longo de sua carreira.
1- Fita adesiva no buraco do radiador
Ayrton Senna foi campeão da Fórmula 3 Inglesa em Thruxton com uma vitória de ponta a ponta. Todos no autódromo esperavam uma grande disputa com Martin Brundle, rival de Senna na época, mas uma tática do brasileiro ajudou o piloto a disparar na ponta. A equipe colocou uma fita adesiva para fechar a saída de ar do radiador do óleo, assim o óleo atingiria a temperatura ideal com mais rapidez. Com a temperatura da água aumentando, Senna precisou afrouxar o cinto e retirar o adesivo com a mão após algumas voltas em uma manobra bastante arriscada, mas que valeu o título ao final da prova.
2- Melhor volta por dentro do box
No GP da Europa de 1993, o brasileiro deu show ao fazer a melhor primeira volta de todos os tempos, passando quatro carros, entre eles Damon Hill, Alain Prost e Michael Schumacher na pista molhada. Mas uma história curiosa e inédita na F-1 aconteceu também naquele GP: o piloto da McLaren cravou a volta mais rápida da prova passando por dentro do box. Quem lembra perfeitamente dessa história em Donington Park (Inglaterra) é Galvão Bueno, que narrou a corrida pela TV Globo e foi nosso convidado no Senna TV.
3- Sem trocar pneus
O circuito de rua de Detroit era um dos mais difíceis do calendário da Fórmula 1 nos anos 1980. Além de ser recheado de curvas complicadas, a pista tinha um traçado bastante sujo, ondulado e com muitas falhas no asfalto. Por esses motivos, era muito difícil de se imaginar que algum piloto competitivo conseguiria disputar a vitória sem trocar os pneus. Mas Senna sempre dava um jeito de desafiar a lógica e foi justamente isso que ele fez para conseguir vencer com a Lotus amarela em 1987.
O brasileiro foi o único piloto da zona de pontuação que não fez pit stops e venceu a corrida com 33 segundos de vantagem para Nelson Piquet, segundo colocado com a Williams. Para um efeito de comparação, no ano anterior Senna precisou fazer dois pit stops no GP americano para sair com a vitória.
4- Correndo sem freios…e vencendo!
A histórica vitória de Ayrton Senna com problemas nos freios aconteceu em 1982 na Fórmula Ford 2000 em Snetterton (Inglaterra). A história é quase uma lenda, mas que ficou registrada justamente pelas mãos do piloto brasileiro, que escreveu uma carta após a corrida para contar ao empresário e amigo Armando Botelho sobre aquela prova atípica.
Senna largou na ponta e precisou desviar de pequenos destroços ao completar a primeira volta. Uma batida aconteceu no início e, por ter que frear para desviar dos detritos, Ayrton percebeu que estava sem os freios dianteiros ao escapar da pista. Senna caiu para a terceira posição após mais uma saída do traçado, mas se recuperou ao adaptar o seu estilo de pilotagem e voltou a acelerar forte para retomar a ponta com duas ultrapassagens.
No final, Senna recebeu a bandeira quadriculada somente com os freios traseiros e precisou parar o carro assim que cruzou a linha de chegada. Ayrton chegou nos boxes em êxtase, mas os mecânicos pareciam não acreditar no que havia acontecido. Quando foram recolher o carro de Senna é que perceberam que o disco de freio dianteiro estava gelado, indicando que ele não havia sido utilizado!
Confira a carta escrita por Senna
5- A famosa vitória somente com a sexta marcha
No GP do Brasil de 1991, Senna cravou a pole com três décimos de vantagem para Riccardo Patrese, da Williams, que viria a ser seu grande rival durante a prova. No domingo, Senna venceu de ponta a ponta, mas não ser antes passar pelo drama de ficar somente com a sexta marcha nas voltas finais.
A caixa de câmbio foi quebrando aos poucos. Restando seis voltas para o final, a diferença era de sete segundos sobre o piloto italiano da Williams. Passaram mais duas voltas e vantagem caiu para apenas quatro segundos. Mesmo assim, Senna conseguiu tirar tudo o que tinha nas últimas voltas e ainda precisou “disfarçar” o problema do carro para que o rival não percebesse o drama que ele vivia dentro da sua McLaren.
Ao cruzar a linha de chegada com 2s991 de vantagem para Patrese, Senna finalmente conseguia quebrar o tabu de não vencer no Brasil. A vitória já vinha batendo na trave desde 1986, quando foi segundo em Jacarepaguá com a Lotus.