Uma das grandes cenas da temporada 2017 da F-1 foi a emoção de Lewis Hamilton ao ganhar um capacete de Ayrton Senna doado pela família do piloto brasileiro ao igualar o recorde de poles no GP do Canadá. Mas no atual grid da categoria um outro campeão mundial também tem grande admiração pelo brasileiro – e inclusive corre no time com o qual Senna fez história: Fernando Alonso.
Inclusive o primeiro kart com o qual começou sua trajetória de sucesso no automobilismo foi pintado idêntico ao McLaren de Senna na campanha do tricampeonato do brasileiro (1988-1990-1991) – time, por sinal, que agora tem o espanhol como seu líder em busca de reviver estes tempos áureos.
“Eu acho que todos os pilotos da minha geração cresceram vendo o Ayrton (Senna) correndo e vencendo GPs com aquela McLaren branca e vermelha, e com o famoso capacete amarelo! Quando éramos crianças, víamos as corridas dele no kartódromo. E agora tenho um grande orgulho de fazer parte da equipe McLaren, competindo no mesmo time, especialmente competindo no Brasil com todo sucesso do Ayrton”, diz Alonso, em entrevista exclusiva ao Senna TV.
Para Alonso, uma das corridas mais memoráveis de seu ídolo foi o GP Brasil de 1991, quando o brasileiro conquistou sua primeira vitória em frente à sua torcida contando apenas com a sexta marcha nas voltas finais. “Chegar nas voltas finais com apenas a sexta marcha é quase impossível. Foi uma daquelas corridas em que você precisa realmente encontrar alguma inspiração para chegar ao fim e ainda vencer. Foi um momento especial”, diz Alonso, que tinha 9 anos de idade nesta época.
Ainda falando sobre Senna, Alonso responde se o brasileiro pode ser considerado um dos melhores pilotos de todos os tempos. “Sim, com certeza! Ele é um dos maiores da história de nosso esporte. Ele foi uma grande inspiração para as crianças de várias gerações. Quando a gente via aquele carro branco e vermelho com o capacete amarelo vencendo a gente queria ser um piloto de F-1”, diz.
Mesmo sendo brasileiro, Alonso escolheu Senna como um de seus grandes ídolos – e a falta de grandes pilotos de seu País naquela época na F-1 ajuda a explicar este motivo.
“A F-1 não era popular na Espanha na minha época do kart. A gente não tinha pilotos, não tinha cobertura televisiva das corridas. Foi uma época de dominação ampla do Ayrton (Senna) e da McLaren, então era natural que a inspiração fosse nele (independentemente da nacionalidade)”, diz Alonso.
Agora, no entanto, a situação é invertida – o Brasil não terá representantes no Mundial de 2018 e a Espanha, além do bicampeão mundial Alonso, tem o jovem piloto Carlos Sainz no grid, na equipe Renault. O sucesso de Alonso ajuda a impulsionar o esporte.
“Quando você tem um caso de sucesso de um piloto de um país em uma categoria como a F-1 e um nome que está sempre nas páginas de jornais ou na TV isso atrai a atenção de jovens talentos. Espero ver muitos espanhóis no grid e aproveitar o automobilismo. O automobilismo é minha paixão e meu esporte favorito e espero que eles possam usufruir isso”, diz Alonso, que foi um dos milhares de pilotos impactados pelo legado de Ayrton Senna.