Para muitos pilotos, a convivência de perto com um ídolo do esporte pode ser inspiradora. No caso dos irmãos Danilo e Dennis Dirani, que já conquistaram diversos títulos paulista e brasileiro de kart e hoje correm no Brasileiro de Turismo (divisão de acesso à Stock Car), este mestre é ainda mais especial: Ayrton Senna, com quem tiveram o privilégio de dividir, nos anos 1990, algumas curvas em uma pista de kart.

O tricampeão mundial de F-1 sempre teve em José Dirani, pai dos garotos, um amigo – afinal, o jovem Ayrton frequentava sua oficina na zona norte de São Paulo. E, quando Senna voltava ao Brasil para descansar com a família e aproveitar os momentos de descontração na pista de kart em um sítio em Tatuí, no interior de São Paulo, os filhos de José eram sempre uns dos convidados mais assíduos.

“Eu comecei a andar lá com 7 anos, em 1990. A pista ficou pronta só no final de 1991, quando o Ayrton deu aquela festa, mas desde 90 até o final de 91 eu andei praticamente todo final de semana lá com o Bruno (Senna) e o Flávio Machado, que é primo dele”, lembra Danilo Dirani, que hoje tem 32 anos.

Ainda criança, Danilo não fazia ideia do que aquilo significaria para ele no restante da sua carreira. Afinal, seria Campeão Brasileiro e Paulista de Kart várias vezes. Hoje, é um dos pilotos mais experientes no Brasileiro de Turismo, categoria de acesso para a Stock Car.

“Tenho uma lembrança muito boa daquela época. O capacete que eu ganhei do Ayrton ainda está em casa, o primeiro que ganhei na carreira. O macacão também foi o primeiro e tem até aqueles adesivos com os patrocinadores da época da McLaren. São memórias muito boas que hoje eu dou muito valor e que na época eu não sabia o tanto que aquilo representaria para mim e para minha carreira. Foi lá onde a paixão por corrida e pelo kart começou”, revela Danilo, tetracampeão brasileiro de kart.

Para Dennis, que hoje tem 27 anos e é o irmão caçula, a lembrança de ter andado de kart ao lado do Ayrton é uma das coisas que fazem ele se motivar sempre para os novos desafios na carreira.

“Andei pela primeira vez de kart com ele (Ayrton) quando eu tinha cinco anos. Eu nem cabia direito no kart. Meu pai colocava às vezes uma almofada nas minhas costas para eu poder alcançar o pedal. Uma das vezes eu saí acelerando e não baixei a viseira. Aí o mecânico saiu correndo desesperado atrás de mim para eu baixar a viseira”, lembra Dennis, que se divertia muito ao lado do tricampeão mundial.

Uma outra lembrança de Dennis, é que ele era sempre o primeiro a entrar na pista, no início da manhã. “Colocavam eu primeiro para andar e limpar a pista para os mais velhos. Saía eu, daí chegava o Ayrton todo de preto e cabelo bagunçado. Ele chegava e perguntava. ‘E aí, já está andando melhor que todo mundo?’ Era sempre a mesma pergunta, mas que vai ficar para sempre na minha memória”, afirma Dennis, vice-líder do Brasileiro de Turismo.

Neste ano, pilotando o carro da Shell Racing, Dennis participou de uma ação divulgando a campanha “Doe Letras”, do Instituto Ayrton Senna, na etapa de Santa Cruz do Sul (RS) e na de Goiânia, preliminar da Corrida do Milhão. Engajado com a campanha, Dennis ainda venceu as duas corridas.

“O Ayrton sempre vai ser uma referência de motivação e fiquei muito honrado de divulgar a campanha com as letras ‘DD’ do meu nome e com as cores dele. No kart meu capacete tem as cores que ele usava também. Foi muito especial vencer duas corridas, em Santa Cruz do Sul e em Goiânia, divulgando essa campanha”, lembra Dennis, tetracampeão brasileiro de kart.

Além de participarem e serem rivais em uma das principais categorias do automobilismo brasileiro, Dennis e Danilo são uns dos fundadores do Super Kart Brasil, competição que é o celeiro de muitos talentos para o esporte a motor nacional. Além de competirem, os irmãos são ‘coaching’ de vários pilotos em diversas categorias pelo mundo e passam uma grande parte do tempo acompanhando jovens, de uma maneira semelhante como Ayrton fez com eles.

“O Senna é uma grande inspiração. Eu lembro que ele acordava com o barulho da gente andando e já ia lá ver como a gente estava se saindo – nem tirava o pijama (risos). Essa essência de fazer o que gosta, eu vou levar para sempre junto comigo”, diz Danilo.