Falar em Mônaco e não lembrar das conquistas de Ayrton Senna é praticamente impossível. O tricampeão mundial de Fórmula 1 tem recordes que até hoje, mais de 30 anos depois, nunca foram quebrados.
Mas a relação entre Senna e o circuito de rua de Monte Carlo vai além das seis vitórias, oito pódios e cinco poles em apenas dez GPs disputados na pista.
Foi no Principado que Senna carregou algumas de suas maiores histórias da carreira, algumas delas que o transformaram em uma lenda na Fórmula 1 e explicam um pouco das características da personalidade do piloto, como determinação, liderança, superação e busca da perfeição para vencer.
São histórias como essas abaixo que fazem a McLaren, a F1 e todos os fãs prestaram homenagens incríveis como as que estamos vendo nos 30 anos de legado de Ayrton Senna.
1984 – primeiro pódio e polêmica
A estreia de Ayrton Senna no Principado foi apenas em sua quinta corrida na história da F1 e logo o piloto mostrou todo o seu talento ao levar a Toleman ao pódio com o segundo lugar. Após largar em 13º, Ayrton deu um verdadeiro show sob chuva, conseguindo ultrapassagens marcantes, como em cima de Niki Lauda, na época piloto da McLaren.
Se a vitória ainda não veio dessa vez por conta de uma interrupção polêmica quando Ayrton estava prestes a ultrapassar Alain Prost e obter a liderança, o melhor ainda estava por vir.
1987 – primeira vitória e banho no Príncipe
Após a primeira pole em Mônaco vir em 1985 e o segundo pódio em 1986, Senna conquistou a primeira vitória em 1987 quando, mais uma vez, estava longe de ser o favorito.
A pole era de Nigel Mansell, que liderava a prova com boa vantagem para Ayrton até a volta 29, quando o britânico começou a enfrentar problemas em sua Williams. Senna dominou as 49 voltas seguintes com a clássica Lotus amarela e sua alegria era tão grande que o brasileiro quebrou o protocolo na festa do pódio e nem o Príncipe Rainier conseguiu escapar do banho de champagne.
1988 – pilotando em outra dimensão e a vitória que não veio
O GP de Mônaco de 1988 ficou marcado por duas grandes histórias: Ayrton Senna cravou a pole position com 1.4 segundo de vantagem para seu companheiro Alain Prost. O próprio brasileiro destacou aquela volta como a sua experiência de guiar em outra dimensão.
Desta forma, a expectativa para o domingo era um verdadeiro passeio de Senna com a sua McLaren. De fato, o plano vinha dando certo até que, na curva Portier, Ayrton cometeu aquele que é considerado por muitos como o seu maior erro da carreira: com mais de 50 segundos de vantagem para Prost, Senna bateu no guard-rail e foi embora de seu carro a pé para casa após. O mais importante foi que no final do ano Senna levou o primeiro título mundial e essa corrida ficou como um aprendizado para o restante de sua carreira.
1989 – As pazes com Mônaco
Poucas vezes no esporte é possível dar a volta por cima no mesmo lugar após um revés, mas Ayrton conseguiu fazer as pazes com Mônaco em 1989. Desta vez, já com o primeiro título mundial na bagagem, Senna novamente superou Prost por mais de 1 segundo na classificação e não deu chances aos adversários.
Senna cruzou a linha de chegada com 52 segundos de vantagem para o francês e conquistou sua segunda vitória no Principado. Após sair do carro, ainda revelou que ficou sem a primeira marcha e a segunda durante a corrida. Era só um aquecimento para o que veríamos no GP do Brasil de 1991.
1990 – Grand Chelem
Vencer na F1 já é para poucos, conseguir uma pole, triunfar de ponta a ponta e ainda cravar a volta mais rápida na mesma corrida e ela ser em Mônaco, aí realmente é diferente. Senna conseguiu esse feito em 1990, ano em que seria consagrado como bicampeão mundial de F1.
Novamente com a McLaren, Senna tinha um bom ritmo durante a corrida, mas precisou poupar o carro, principalmente por conta de um barulho no motor, e cruzou a linha de chegar com apenas 1s087 de vantagem para Jean Alesi, da Tyrrell.
1991 – Vitória com o carro reserva
A quarta vitória de Senna em Mônaco começou com uma história de superação do brasileiro e da McLaren. Após cravar sua quinta pole em Mônaco, Senna teve problemas no warm up antes da corrida e a equipe precisou aprontar o carro reserva para que o brasileiro conseguisse correr.
A prova transcorreu da melhor maneira para Ayrton, novamente com domínio do início ao fim e o triunfo foi um presente para sua mãe, Dona Neyde, já que era o domingo de Dia das Mães, deixando a 30ª vitória de Ayrton na F1 ainda mais especial.
1992 – Duelo com o Leão
Mesmo após quatro vitórias conquistadas em Mônaco, em 1992 o brasileiro estava longe de ser o favorito. Com as Williams dominando a F1, Senna somente tinha carro para largar na terceira colocação do grid, 1s1 atrás de Nigel Mansell na classificação.
Senna largou bem, tomou a segunda colocação de Riccardo Patrese, mas a McLaren não tinha ritmo o suficiente para chegar na Williams. Foi então que a sorte ajudou o brasileiro desta vez: uma porca soltou de uma das rodas do carro de Mansell e o britânico precisou ir aos boxes. Senna tomou a liderança e rapidamente Mansell colou na asa traseira da McLaren em um roteiro de cinema, com Ayrton segurando o “Leão” no braço e mantendo a ponta até o final.
1993 – Recorde histórico
A sexta vitória que consagrou Ayrton Senna como o Rei de Mônaco também passou por situações improváveis como o triunfo do ano anterior. Novamente sem ter o melhor carro, Senna largou em terceiro, atrás de Alain Prost e Michael Schumacher.
O alemão da Benetton sofreu com um estouro de motor na 33ª volta, enquanto o francês foi punido por queimar a largada. O triunfo mais uma vez foi de superação para Senna, isso porque na quinta-feira, durante os treinos livres, ele havia batido sua McLaren no guard-rail e o impacto havia prejudicado sua mão. Com mais essa vitória, Senna superou Graham Hill, que tem cinco vitórias no Principado, e se tornou o maior vencedor do GP de Mônaco.