Após duas vitórias consecutivas de Ayrton Senna na temporada de 1988 (Canadá e Estados Unidos), a Fórmula 1 voltava à Europa para o GP da França. Alain Prost estava em seu país. Sobre este fato, afirmou que “correr em casa é um aditivo extra”, com seu sorriso tímido.
Líder do campeonato, Prost tinha 45 pontos e Senna 33. Além da desvantagem na tabela, Ayrton precisava quebrar um retrospecto irregular em Paul Ricard. Seu companheiro na McLaren já havia vencido na França em 1981 e em 1983, enquanto o melhor resultado de Senna na casa do rival era um modesto 4º lugar com a Lotus em 1987.
Senna havia feito a pole position em todas as seis etapas disputadas até o campeonato chegar em Paul Ricard e queria aumentar esse número. Prost não deixou. O francês encerrou um tabu que já durava 2 anos desde a sua última pole, conquistada em Mônaco na temporada de 1986.
A volta da McLaren número 11 surpreendeu realmente todos os presentes no circuito. Com o tempo de 1min07s589, ele colocou 0s479 de vantagem para Ayrton, que largaria ao seu lado no domingo.
Na segunda fila do grid estavam Gerhard Berger e Michele Alboreto, ambos da Ferrari, enquanto a terceira fila tinha as duas Benetton com Thierry Boutsen em quinto e Alessandro Nannini em sexto.
No dia da prova, o calor na região de Le Castellet era muito forte e as arquibancadas estavam lotadas no circuito. Na largada, Prost manteve a liderança. Berger largou melhor que Senna, mas o brasileiro retomou o segundo lugar antes mesmo de fazer a primeira curva. Nelson Piquet, sétimo no grid com a Lotus, conquistou duas posições e tomou o quinto lugar das Benetton.
Na parte da frente do pelotão, não houve modificações após o início da corrida. Na volta 17, Boutsen foi para o box e abandonou poucas voltas depois por causa de problemas de motor.
Os líderes começaram a parar nos boxes a partir da volta 22. Berger deu uma saída de pista, deteriorou seus pneus, precisou ir para o pit e caiu para o sexto lugar. Com isso, Senna tinha mais tranquilidade para se manter apenas no encalço de Prost, sem precisar se preocupar em olhar no retrovisor. Após 27 voltas, a diferença entre os dois primeiros era de apenas 1s958.
Na volta 34, Senna decide armar o bote para buscar a liderança. O brasileiro é chamado para trocar os pneus antes de Prost e a McLaren trabalha rápido em seu pit stop. O francês entrou no box duas voltas depois e retornou para a pista logo atrás do brasileiro. A troca de Ayrton foi 3 segundos mais rápida que a do companheiro, o que foi providencial para Senna tomar a ponta.
A sequência da corrida era bem semelhante ao início da prova.
Uma distância curta entre ambos, mas sem nenhum tipo de disputa, agora com Senna na ponta. O problema para o brasileiro começou a partir da volta 45, quando Ayrton perdeu uma de suas marchas, dificultando as ultrapassagens em cima dos retardatários.
Prost percebeu a dificuldade do companheiro em manter um ritmo constante e, na volta 61, após Senna dificultar ao máximo a ultrapassagem, o francês tomou a liderança novamente para não largar mais ao final das 80 voltas. O pódio em Paul Ricard foi completado pela Ferrari de Alboreto. Berger se recuperou na corrida e terminou em quarto, também de Ferrari. Nelson Piquet foi o quinto com a Lotus e Alessandro Nannini terminou em sexto com a Benetton.
Essa foi a quarta vitória do francês na temporada, enquanto Senna tinha três triunfos. Por isso, Prost tinha várias razões para estar feliz na tradicional conferência de imprensa que reúne os três pilotos do pódio. Ayrton Senna ouviu, assimilou a farpa e manteve a esportividade ao comentar sua liderança durante 24 das 80 voltas.
Mas, depois que os holofotes se apagaram, o brasileiro resmungou em um canto:
“Ele devia agradecer a quebra de duas marchas do meu câmbio, foi esse o ‘aditivo’ que funcionou”
O campeonato agora tinha Alain Prost com 54 pontos e Ayrton Senna com 39. A oitava etapa da temporada seria disputada no circuito de Silverstone, onde o brasileiro faria história com mais um triunfo embaixo de chuva.
Gp da frança
1º
A. Prost
2º
Ayrton Senna
3º
G. Berger
4º
M. Alboreto
5º
T. Boutsen
6º
A. Nannini
7º
N. Piquet
8º
S. Nakajima
9º
N. Mansell
10º
I. Capelli
11º
D. Warwick
12º
A. de Cesaris
13º
E. Cheever
14º
A.Caffi
15º
R. Patrese
16º
M. Gugelmin
17º
P. Streiff
18º
P. Alliot
19º
Y. Dalmas
20º
S. Modena
21º
B. Schneider
22º
P. Martini
23º
J. Palmer
24º
N. Larini
25º
L. Perez-Sala
26º
O. Larrauri
80
voltas
26
carros
11
abandonos
1’11”737
volta mais rápida
1º
tempo nublado
Pódio
1º
A. Prost
2º
Ayrton Senna
3º
M. Alboreto
2º
Posição de final
2º
posição no campeonato após a prova
2º
posição de largada
6
pontos somados no campeonato
1’11”856
melhor volta
Ele (Prost) devia agradecer à quebra de duas marchas do meu câmbio, foi esse o ‘aditivo’ que funcionou.