Em Ímola, havia um mar de faixas saudando os pilotos da Ferrari, Gerhard Berger e Nigel Mansell. O inglês abriu a temporada com vitória no Brasil, em Jacarepaguá, onde Senna levou um toque logo na primeira volta. Mesmo competindo pela rival McLaren, o brasileiro era bastante aplaudido nas arquibancadas do Autódromo Enzo e Dino Ferrari.
Um cartaz insistentemente agitado em frente aos boxes era dirigido a Ayrton Senna e trazia a figura do piloto com a frase: “Senna i tifosi de Napoli te espettano Ferrari 90″ (Senna, a torcida de Napoli te espera na Ferrari em 90).
Na pista, Ayrton guiou a McLaren para a sua 31ª pole position da carreira, seguido de Alain Prost, repetindo a cena comum na temporada de 1988. A volta mais rápida de Ayrton no treino classificatório veio em 1min26s010, 0s225 mais rápido que seu rival. A segunda fila foi composta por Nigel Mansell, terceiro colocado, e Riccardo Patrese (Williams), na quarta colocação. Berger era o quinto e Thierry Boutsen (Williams) fechava a terceira fila em sexto.
As McLaren largaram bem e os seis primeiros se mantiveram nas mesmas colocações durante o início. Mas, na terceira volta, Berger bateu na curva Tamburelloe sua Ferrari pegou fogo, acidente que determinou uma bandeira vermelha e também uma nova largada com os carros parados.
A corrida ficou paralisada por aproximadamente uma hora e Berger, apesar das cenas impressionantes do acidente, sofreu apenas queimaduras nas mãos. A direção de prova decidiu que juntaria o resultado das primeiras voltas com o resultado final da segunda parte, somando assim os tempos de todos os pilotos.
Na segunda largada, Prost pulou na frente, sendo ultrapassado por Ayrton Senna ainda na volta inicial. A manobra do brasileiro na curva Villeneuve é um dos pontos de maior polêmica na rivalidade com o francês, que acusou o brasileiro de romper o pacto de não-agressão na primeira volta. Para Senna, no entanto, não havia motivo de reclamação, já que se tratava se uma relargada – e, portanto, as disputas estariam liberadas.
Naquele momento, a relação entre os pilotos da McLaren azedou de vez. O francês queria o pacto de não ultrapassagem, recusado pelo brasileiro, que não admitia uma competição decorativa. Patrese pulou para terceiro e Nanini, que veio de sétimo, assumiu a quarta colocação, enquanto Mansell caiu para o quinto lugar.
Na sexta volta, Mansell decide partir para cima e ultrapassa Nanini. O piloto da Ferrari, embalado pela empolgação da torcida, encosta rapidamente também em Patrese e conquista o terceiro lugar. Enquanto isso, as McLaren passeavam nas primeiras posições.
A corrida ficou ainda mais tranquila para o time de Woking com os abandonos de Patrese, na volta 21, e Mansell, na volta 23. O italiano teve problemas no motor Renault de sua Williams e o britânico sofreu com o câmbio de sua Ferrari. Os brasileiros Nelson Piquet (Lotus) e Maurício Gugelmin (March) também abandonaram nas voltas seguintes.
O prosseguimento da corrida foi de tranquilidade para Senna. O brasileiro colocou uma vantagem de 40 segundos para Prost antes de cruzar a linha de chegada na primeira colocação. Era a primeira vitória de Senna após a conquista do seu primeiro título mundial. O francês acabou rodando sozinho quando restavam 12 voltas para o final. Prost ainda contou com a sorte de não ficar atolado na brita e conseguiu voltar para completar a corrida em segundo.
Alessandro Nanini, piloto italiano, ficou uma volta atrás do líder e terminou na terceira posição. Com o abandono das duas Ferrari e também de Patrese, a torcida da casa teve que se contentar com o pódio do piloto da Benetton.
No pódio, bastante comemoração de Ayrton e cara de decepção para Prost, que sequer cumpriu o protocolo de estourar o champanhe. A rivalidade começava a se acirrar ainda mais para o restante da temporada. Com o resultado, Prost assumiu a liderança do campeonato com 12 pontos, enquanto Senna e Mansell vinham logo atrás com 9 pontos. Depois da corrida, o brasileiro permaneceu no motorhome da McLaren até o fim do dia, mas não conseguiu escapar dos fãs italianos. Teve que autografar o cartaz em que foi homenageado e prometer que estaria na Ferrari em 1990.
Gp de SAN MARINO
1º
Ayrton Senna
2º
A. Prost
3º
N. Mansell
4º
R. Patrese
5º
G. Berger
6º
T. Boutsen
7º
A. Nannini
8º
N. Piquet
9º
A.Caffi
10º
O. Grouillard
11º
P. Martini
12º
D. Warwick
13º
I. Capelli
14º
N. Larini
15º
L. Perez-Sala
16º
A. de Cesaris
17º
S. Modena
18º
G. Tarquini
19º
M. Gugelmin
20º
P. Alliot
21º
E. Cheever
22º
M. Brundle
23º
J. Herbert
24º
S. Nakajima
25º
J. Palmer
26º
Y. Dalmas
58
voltas
26
carros
13
abandonos
1’26”795
volta mais rápida
1º
tempo ensolarado
Pódio
1º
Ayrton Senna
2º
A. Prost
3º
A. Nannini
1º
Posição de final
2º
posição no campeonato após a prova
1º
posição de largada
9
pontos somados no campeonato
1’27”273
melhor volta
Alain Prost me pressionou no início, até eu encontrar o ritmo e abrir 6 segundos. Depois que ele rodou, a pressão realmente acabou.