Não há outra forma de contar a história da Fórmula 1 entre o final da década de 80 e o início dos 90 sem mencionar os duelos travados nas pistas entre Ayrton Senna e Alain Prost.
Ambos iniciavam a temporada de 1991 vindo de títulos: o francês já era tricampeão (1985, 1986 e 1989) e o brasileiro, bicampeão (1988 e 1990). Eram, sem dúvidas, o que havia de melhor entre os pilotos da categoria.
Em Phoenix, mais um tira-teima entre os dois: Prost ganhou a prova em 1989, Ayrton Senna em 1990. Não havia como declarar quem era o grande favorito, ainda mais por se tratar da primeira prova do ano.
A novidade de 1991 estava na pontuação. O vencedor da corrida passaria a receber 10 pontos ao invés de apenas 9, valorizando-se assim ainda mais a primeira colocação em um GP. As outras posições dos seis primeiros colocados receberiam a mesma quantidade dos anos anteriores. Era a primeira alteração no sistema de pontos desde 1960. Outra mudança importante: nenhum dos resultados durante o ano seria descartado.
Na McLaren não havia troca de pilotos. Continuavam Ayrton Senna e Gerhard Berger, assim como na Benetton, onde permaneceram os brasileiros Nelson Piquet e Roberto Moreno.
Na Ferrari, Alain Prost ficou por mais uma temporada, enquanto Nigel Mansell retornou para a Williams. Para o lugar do britânico foi contratado o jovem e talentoso Jean Alesi, responsável por um duelo intenso justamente com Ayrton na prova de Phoenix no ano anterior. O companheiro de Mansell na Williams era Riccardo Patrese, já que Thierry Boutsen foi para a Ligier.
Antes dos treinos, para aliviar as tensões pré-corrida, Ayrton Senna visitou os tradicionais ranchos americanos, onde praticou tiros de laços e ganhou paramentos de caubói. Quando perguntaram se estava praticando a pontaria, ele sorriu:
“Não, estou treinando para sacar primeiro”
O treino parece ter surtido efeito, porque o primeiro duelo da temporada foi vencido com muita competência pelo brasileiro.
No sábado, fez a pole position com o tempo de 1min21s434, 1s121 mais rápido que Prost. A segunda fila foi composta pelas Williams de Riccardo Patrese e Nigel Mansell, enquanto Nelson Piquet e Jean Alesi formavam a terceira fila.
No domingo, Senna largou bem e as primeiras posições se mantiveram no início. Ayrton, como de costume em circuitos de rua, começou a abrir de seus rivais e, na volta 10, já possuía mais de 10 segundos de vantagem para Prost.
Enquanto Senna fazia uma corrida tranquila na ponta, a luta pelo segundo lugar era intensa entre as Williams e a Ferrari do francês. A vida da equipe da italiana ficou mais tranquila depois dos abandonos de Mansell e Patrese, ambos com problemas no câmbio semi-automático.
Ayrton fez uma parada para trocar pneus, mas nem assim foi incomodado em sua vitória de número 27 na Fórmula 1. Nelson Piquet aproveitou a troca de pneus de Prost e o abandono das Williams para ficar algumas voltas na vice-liderança. Mas as Ferrari vieram com pneus novos e tomaram a posição de Piquet. Prost seguiu rumo ao segundo lugar, enquanto Alesi teve que abandonar por causa do câmbio a 9 voltas do final.
Acompanhando seus adversários sofrerem com problemas nas trocas de marchas, Ayrton resolveu tirar um pouco o pé nas voltas finais. O brasileiro chegou a ter 45 segundos de vantagem, mas cruzou a linha de chegada em Phoenix com 16s322 sobre Prost, após ser o único líder das 81 voltas no limite de 2 horas de prova.
O francês pelo menos consolou-se com o troféu “rookie” (novato) do Phoenix Country Club que ganhou numa partida de golfe, além de marcar presença no pódioao lado de Nelson Piquet, terceiro com a Benetton. Juntos, os três formavam um pódio com 8 títulos mundiais até o início daquela temporada (dois títulos de Ayrton, quatro de Prost e três de Piquet). Sem dúvida um dia histórico na F-1.
Depois da corrida, Ayrton Senna esqueceu sua medalha da vitória no macacão e voltou para casa “apenas” com os primeiros 10 pontos no Campeonato.
Com o triunfo em Phoenix, Ayrton estabelecia um novo recorde: era o único piloto a vencer 5 provas nos Estados Unidos. O recorde somente seria igualado em 2006, quando Schumacher venceria pela quinta vez em Indianápolis.
Gp de phoenix
1º
Ayrton Senna
2º
A. Prost
3º
R. Patrese
4º
n. mansell
5º
n. piquet
6º
j. alesi
7º
g. berger
8º
r. moreno
9º
e. pirro
10º
j. lehto
11º
S. modena
12º
m. brundle
13º
m. hakkinen
14º
b. gachot
15º
p. martini
16º
s. nakajima
17º
n. larini
18º
I. Capelli
19º
e. bernard
20º
t. boutsen
21º
a. suzuki
22º
G. Tarquini
23º
M. Gugelmin
24º
m. blundell
25º
M. Alboreto
26º
G. Morbidelli
81
voltas
26
carros
14
abandonos
1’26”758
volta mais rápida
tempo nublado
Pódio
1º
Ayrton Senna
2º
A. Prost
3º
N. Piquet
1º
posição final
1º
posição no campeonato após a prova
1º
posição de largada
–
pontos somados no campeonato
1’27”153
melhor volta
Foi uma ótima maneira de começar a temporada e particularmente emocionante porque o carro era uma novidade.