Ayrton Senna conquistou, no Grande Prêmio da Bélgica de 1985, sua segunda vitória de sua carreira na Formula 1. E ele foi absoluto em todos os aspectos.
O GP em Spa-Francorchamps naquele ano seria disputado em junho. Zolder cedia de vez lugar ao gigante circuito da região de Ardenas, Bélgica. Para agradar a todos, a administração do traçado de Spa fez uma reforma geral na pista, dando ênfase na troca do asfalto, para um mais abrasivo e que melhorasse a aderência dos carros com pneus de chuva.
O problema é que os organizadores marcaram o início das obras para dois meses antes da corrida, quando o prazo ideal seria 12 meses. Para piorar o cenário, tiveram que atrasar as obras devido a nevascas no local, e, com isso, a nova pista Spa só foi entregue dez dias antes do primeiro treino livre, ou seja, sem tempo hábil para a “cura” do asfalto.
Logo no primeiro treino livre, o asfalto extremamente abrasivo gerava uma aderência única, impressionante. Para se ter uma ideia, os carros pulverizaram em mais de dez segundos o recorde de melhor volta em Spa-Francorchamps, em comparação ao Grande Prêmio Spa de 1983 (o de 1984 foi disputado em Zolder).
O treino foi se desenrolando e a pista começou a se desfazer. Com o passar dos carros na pista durante o dia, a situação só foi piorando. Tanto que, durante a noite, um batalhão de operários foi chamado às pressas para tentar fazer remendos no asfalto. Mas os esforços pareciam em vão.
No sábado, quando os carros começaram a andar, a situação mudou radicalmente. A pista, que outrora era super aderente, com os remendos, ficou extremamente escorregadia. Os pilotos tinham que usar duas marchas mais baixas para fazer algumas curvas: caos geral e o GP foi adiado, com nova data marcada para 15 de setembro.
Nestes três meses, a Fórmula 1 disputou as corridas já marcadas em seu calendário, e Senna estava embalado por três ótimos resultados seguidos: segundo lugar na Áustria, terceiro na Holanda e terceiro na Itália.
Durante o treino classificatório, mesmo enfrentando problemas com o motor que empurrava a sua Lotus, Senna conseguiu o segundo tempo na classificação. Ele ficou atrás apenas de Alain Prost, da McLaren, que havia virado menos de 0s1 à sua frente.
A confiança para a corrida, adquirida depois de três pódios seguidos na temporada, já apontava que aquele não seria um fim de semana para esquecer.
No domingo, com a pista molhada em alguns trechos, Ayrton Senna largou bem e ultrapassou Prost. Liderou praticamente de ponta a ponta em um dos mais seletivos e traiçoeiros circuitos da Fórmula 1 – Spa-Francorchamps – e completou as 43 voltas sem ser incomodado – a não ser por uma pequena pressão de Nigel Mansell, da Williams, por poucas voltas.
“O carro esteve muito bem, especialmente na chuva. Estou encantado com todo o time pela minha segunda vitória neste ano.”
O brasileiro subiu no lugar mais alto do pódio pela segunda vez em sua carreira, ao lado de Prost e Mansell. Comemorou com grande entusiasmo e emocionou-se muito ao ler a faixa aberta e assinada por corintianos de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo: “Senna, campeão no pé e no coração.”
“Senna, campeão no pé e no coração”
Gp da bélgica
1º
A. Prost
2º
Ayrton Senna
3º
N. Piquet
4º
M. Alboreto
5º
S. Johansson
6º
T. Boutsen
7º
N. Mansell
8º
G. Berger
9º
E. de Angelis
10º
K. Rosberg
11º
T. Fabi
12º
M. Surer
13º
P. Tambay
14º
D. Warwick
15º
R. Patrese
16º
P. Ghinzani
17º
J. Laffite
18º
P. Streiff
19º
E. Cheever
20º
P. Alliot
21º
M. Brundle
22º
C. Danner
23º
H. Rothengatter
24º
P. Martini
43
voltas
24
carros
11
abandonos
2’01”630
volta mais rápida
1º
tempo Chuvoso
Pódio
1º
Ayrton Senna
2º
N. Mansell
3º
A. Prost
1º
Posição de final
3º
posição no campeonato após a prova
2º
posição de largada
9
pontos somados no campeonato
2’03”700
melhor volta
O carro esteve muito bem, especialmente na chuva, e eu estou encantado com todo o time pela minha segunda vitória neste ano.