A última vitória de uma grande parceria: Ayrton Senna e Honda deram vários espetáculos nos circuitos pelo mundo entre 1987 e 1992. No GP de Monza em 92, o piloto brasileiro venceu pela última vez com o motor japonês em sua McLaren.
O fim de semana na Itália teve uma carga dramática no paddock. Além do fim da parceria da Honda com a equipe inglesa, havia a informação de que Mansell não iria mais correr pela Willians após o final da temporada, da qual ele já era campeão.
A suspeita que já circulava nos bastidores era de que como a Williams negociava a volta de Allain Prost, que estava em um ano sabático, Mansell não teria o francês como companheiro de equipe. No domingo, antes de iniciar o GP de Monza, o inglês fez um anúncio chocante: iria abandonar a Fórmula 1 no final da temporada, iniciando carreira na Fórmula Indy nos Estados Unidos.
Movimentação fora das pistas à parte, Senna iniciava a corrida com um desafio: precisou utilizar o carro reserva. O titular estava com problemas na instalação da nova suspensão ativa, que foi o grande diferencial da rival Williams em 1992.
Na corrida, o “Leão” largou na frente. Senna teve dificuldades para manter a segunda colocação por causa da forte pressão de Jean Alesi. Ayrton freou no último segundo e segurou o francês atrás, após a primeira curva.
Patrese conseguiu ultrapassar Alesi ainda nas primeiras voltas e foi pra cima do brasileiro. O motor Renault da Williams acabou falando mais alto e na freada da reta principal o italiano fez a ultrapassagem em Senna.
Na briga pela ponta, o britânico abaixou seu ritmo ao ponto do italiano se aproximar e ultrapassá-lo na volta 20. A partir dali, Mansell andou “colado” exatamente de em seu companheiro, dando a entender que poderia passar a qualquer momento, com Senna em terceiro lugar, buscando a aproximação.
A corrida parecia ter as mínimas chances de vitória para Ayrton Senna, mas o tricampeão também contou com as falhas da Williams para superar a então favorita naquele final de semana. Nigel Mansell parou por problemas elétricos na 43ª volta. Riccardo Patrese a três voltas do fim,perdeu velocidade, se arrastando na pista. Com isso, o brasileiro pôde disparar rumo à vitória, mas não sem disputá-la duramente com as Benetton de Michael Schumacher e Martin Brundle.
No pódio, Senna estava entre feliz e nostálgico. Contente pela conquista do 36º Grande Prêmio de sua carreira, mas triste com o adeus anunciado da Honda, a quem dedicou o triunfo.Essa foi a terceira e última vitória de Ayrton na temporada 92.
Com os pontos conquistados por Senna e Berger (4º colocado), a McLaren conseguiu um feito histórico. A equipe ultrapassou a Ferrari nos pontos totais da história da F-1. A equipe italiana ficou com 1.744,5 pontos enquanto a McLaren foi a 1.755,5.
Após o final da prova, Senna fez uma análise sincera da vitória conquistada em Monza.
“No começo, tentei ir atrás do Mansell, mas não havia jeito: bastava carregar no acelerador na saída das curvas para nunca mais o ver. A partir daí, a minha estratégia foi a de fazer a minha corrida, atacar bem, e ainda mais do que o habitual, pois percebi que, apesar de tudo, Mansell não estava tão longe assim. Comecei depois a ter problemas com a caixa de câmbio, sobretudo nas reduções, e quando o Patrese me passou, tentava encontrar uma forma diferente de guiar o carro naquelas condições”, disse após a corrida o piloto brasileiro aos jornalistas presentes no autódromo italiano.
“A minha única esperança era a de que as duas Williams parassem. Foi nesta altura em que já estava poupando o carro que o Patrese teve os problemas e de repente a vitória estava ao meu alcance. No fundo, ambicionava simplesmente um lugar no pódio e acabei logo por conseguir o primeiro. Prefiro vencer ultrapassando os adversários, mas estava na pista e aproveitei a chance”, completou o piloto.
gp da itália
1º
N. Mansell
2º
ayrton senna
3º
j. alesi
4º
r. patrese
5º
g. berger
6º
M. Schumacher
7º
i. capelli
8º
t. boutsen
9º
m. brundle
10º
b. gachot
11º
m. hakkinen
12º
G. Morbidelli
13º
j. herbert
14º
j. lehto
15º
e. comas
16º
m. alboreto
17º
K. Wendlinger
18º
O. Grouillard
19º
a. suzuki
20º
g. tarquini
21º
a. de cesaris
22º
p. martini
23º
U. Katayama
24º
e. naspetti
25º
E. Van de Poele
26º
M. Gugelmin
53
voltas
26
carros
15
abandonos
1’26”119
volta mais rapida
tempo ensolarado
Pódio
1º
Ayrton Senna
2º
M. Brundle
3º
M. Schumacher
1º
posição final
3º
posição no campeonato após a prova
2º
posição de largada
10
pontos somados no campeonato
1’27”190
melhor volta