Duas semanas após o GP de Mônaco, onde Ayrton Senna foi ao pódio com um terceiro lugar, a Fórmula 1 desembarcava na Bélgica, mais precisamente em Spa-Francorchamps, um circuito muito exigente, principalmente por causa dos aclives, declives e muitas curvas traiçoeiras, como a Eau Rouge, dificílima de se contornar com máxima aceleração.
Uma pista complexa com as curvas de Spa-Francorchamps é para grandes pilotos, equipados com bons motores.
A Lotus nº 12 tinha um piloto magistral, com certeza, mas o motor que falava mais alto naquelas condições era o Honda das Williams de Nigel Mansell e Nelson Piquet.
Antes da corrida, uma notícia causou muita comoção a todos no paddock em Spa. O companheiro de equipe de Senna na Lotus no ano anterior, o italiano Elio de Angelis, morreu após um acidente com sua Brabham em um teste em Paul Ricard (França), justamente na semana anterior ao GP da Bélgica.
Durante a classificação, Senna conquistou o quarto lugar no grid de largada e não desanimou. A pole ficou com Piquet, seguido do surpreendente Gerhard Berger, da Benetton. Na segunda fila, ao lado do brasileiro, estava Alain Prost (McLaren) na terceira posição. Mansell era apenas o quinto colocado.
No domingo, dia da corrida, só pontuaria quem tivesse bom preparo físico, não errasse e soubesse poupar o carro. Esta era a aposta de Ayrton Senna e foi baseado nisso que ele desenhou a sua estratégia para a prova.
Na largada, uma tática perfeita de Senna. O brasileiro apostou em ficar por fora na curva La Source, enquanto Berger e Prost se espremeram e acabaram se tocando. Melhor para Senna, que ultrapassou os dois e colocou a Lotus na segunda posição, enquanto Piquet manteve a liderança.
A terceira posição passou a ser de Nigel Mansell e a quarta de Stefan Johansson (Ferrari). Enquanto isso, Berger e Prost foram para os boxes, mas somente o francês, até então líder do campeonato, conseguiria fazer uma boa corrida de recuperação após ter seu spoiler quebrado.
Na parte da frente do pelotão, Mansell até aproveitou a força do seu motor Honda para acompanhar a Lotus de Senna mas, na quarta volta, o britânico rodou sozinho e foi ultrapassado por Johansson. O “Leão” não desistiu e retomou a terceira posição dez voltas depois com uma bela ultrapassagem.
No final da 15ª volta, Piquet sofreu problemas com o motor Honda de sua Williams e ficou pelo caminho. Senna herdou a liderança, mas logo seria pressionado por Mansell, que tinha um carro muito rápido em suas mãos.
Antes da volta 20, a diferença entre Mansell e Senna era de apenas 2s3. Em uma tática esperta, a Williams levou o britânico logo para o box, uma volta antes do brasileiro entrar. O trabalho da Lotus foi um 1s5 mais lento que o da equipe rival. Além disso, o brasileiro foi atrapalhado por um retardatário (o francês Philippe Streiff) na volta em que iria para o box. Resultado: Mansell voltou na frente.
Johansson assumiu a liderança, mas por apenas duas voltas, até realizar também a sua parada. Depois disso, se acomodou na terceira posição.
Durante o restante da corrida, Ayrton Senna levou a sua Lotus com grande destreza pelo desafiante traçado, sendo obrigado a acelerar menos para economizar combustível nas voltas finais. O brasileiro sabia que, com apenas o sexto lugar de Prost, assumiria a liderança do campeonato.
Senna não conseguiu a vitória, mas ficou com a segunda colocação, com pontos importantes e presença garantida na festa do pódio.
Com o resultado, Senna garantiu a liderança da competição com 25 pontos, enquanto Prost foi para 23. Mansell subiu para terceiro com 18 pontos e Nelson Piquet estacionou nos 15.
A etapa seguinte estava marcada para Montreal, no Canadá, em três semanas.
Gp da Bélgica
1º
N. Piquet
2º
G. Berger
3º
A. Prost
4º
Ayrton Senna
5º
N. Mansell
6º
T. Fabi
7º
R. Arnoux
8º
K. Rosberg
9º
M. Alboreto
10º
P. Tambay
11º
S. Johansson
12º
M. Brundle
13º
J. Drumfries
14º
T. Boutsen
15º
R. Patrese
16º
A. Jones
17º
J. Laffite
18º
P. Streiff
19º
A. de Cesaris
20º
J. Palmer
21º
M. Surer
22º
A. Nannini
23º
H. Rothengatter
24º
P. Ghinzani
25º
C. Danner
43
voltas
25
carros
13
abandonos
1’59”282
volta mais rápida
1º
tempo Ensolarado
Pódio
1º
N. Mansell
2º
Ayrton Senna
3º
S. Johansson
2º
Posição de final
1º
posição no campeonato após a prova
4º
posição de largada
6
pontos somados no campeonato
1’59”867
melhor volta
Dos que disputam o campeonato ponto a ponto, somente Nigel Mansell estava em boa posição. Queria os seis pontos. Melhor do que nada.