Com grandes expectativas, o público brasileiro recebeu o Grande Prêmio de 1986 em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde seria disputada a primeira corrida daquela temporada, que seria marcada pelo primeiro embate direto de quatro gênios das pistas da Fórmula 1: Alain Prost, Nelson Piquet, Nigel Mansell e, claro, a jovem estrela em ascensão, Ayrton Senna.
Senna iniciaria seu segundo ano na Lotus, enquanto Nelson Piquet estreava pela Williams e prometia brigar por mais vitórias. O duelo nacional seria a tônica do fim de semana e animava muito a torcida.
O piloto brasileiro da Lotus também tinha novo companheiro em 1986: um nobre inglês, Johnny Dumfries, que se revelou um comportado coadjuvante durante a temporada.
Nos treinos, foi Ayrton Senna quem saiu na frente, cravando a pole position com um segundo à frente de Piquet. Houve delírio no circuito de Jacarepaguá, porque, além da dobradinha no sábado, era a primeira pole position de Senna em território nacional. O piloto paulista, no ano anterior, havia sido o recordista de poles da temporada, com sete no total em 16 GPs.
A segunda fila do grid no Rio de Janeiro foi composta por Mansell, novo companheiro de Piquet, e René Arnoux, piloto francês da Ligier.
Na largada, Senna tracionou bem sua Lotus e manteve a ponta. Mansell largou melhor que Piquet e tomou a segunda posição. O britânico, motivado pela ultrapassagem em seu companheiro, resolveu também ir para cima de Ayrton, que fechou a porta e o “Leão” acabou se enrolando na manobra, indo parar na grama da curva Sul.
A partir daí, Senna e Piquet dominaram a prova, porém com a ordem invertida, porque na terceira volta, no mesmo local em que Mansell tentou a ultrapassagem e não conseguiu, Ayrton perdeu a posição para o compatriota da Williams. Ainda que estivesse perto do adversário, Senna não quis arriscar o conjunto do carro aumentando o ritmo logo na primeira prova.
O único piloto que poderia tentar modificar o rumo da corrida era Alain Prost. Largando em nono lugar, o francês vinha em uma crescente recuperação na prova, mas, na volta de número 30, acabou tendo que encostar sua McLaren por conta do motor estourado. Um começo de ano que parecia desanimador, mas que terminaria com o segundo título para Prost ao final de 1986.
Assim, o caminho para a vitória do GP Brasil ficou mais tranquilo para Piquet, com Ayrton Senna chegando na segunda colocação e garantindo grande festa pela dobradinha brasileira. Um bom início de temporada para os pilotos brasileiros.
Com a vitória de Nelson Piquet, o piloto carioca conseguiu empatar com Emerson Fittipaldi no número de vitórias na carreira, ambos com 14.
Esta era apenas a terceira dobradinha brasileira na história da Fórmula 1. A primeira ocorreu em 1975, justamente no GP Brasil com José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi. A segunda também foi naquele mesmo ano e com os mesmos pilotos, mas com Emerson vencendo o GP da Inglaterra.
Assim, a prova de 1986 em Jacarepaguá consolidava o início de uma nova era de ouro para o Brasil na Fórmula 1.
gp do brasil
1º
Ayrton Senna
2º
N. Piquet
3º
N. Mansell
4º
R. Arnoux
5º
J. Laffite
6º
M. Alboreto
7º
K. Rosberg
8º
S. Johansson
9º
A. Prost
10º
R. Patrese
11º
J. Drumfries
12º
T. Fabi
13º
P. Tambay
14º
E. de Angelis
15º
T. Boutsen
16º
G. Berger
17º
M. Brundle
18º
P. Streiff
19º
A. Jones
20º
M. Surer
21º
J. Palmer
22º
A. de Cesaris
23º
P. Ghinzani
24º
C. Danner
25º
A. Nannini
61
voltas
25
carros
15
abandonos
1’33”546
volta mais rápida
1º
tempo ensolarado
Pódio
1º
N. Piquet
2º
Ayrton Senna
3º
J. Laffite
2º
Posição de final
2º
posição no campeonato após a prova
1º
posição de largada
6
pontos somados no campeonato
1’34”785
melhor volta
Andei mais devagar para economizar combustível, no final. Sabia que não havia nada que eu pudesse fazer em relação ao Nelson Piquet.